Imperador Akihito, 85, abdica do trono do Japão após 30 anos

Monarca renuncia por questões de saúde e passa o cargo a seu filho Naruhito

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O imperador Akihito, ao lado da imperatriz Michiko, ao ler seu discurso de abdicação - Reuters
Tóquio | AFP

O imperador japonês Akihito cedeu nesta terça-feira (30) o trono de Crisântemo a seu filho mais velho, Naruhito, na primeira renúncia voluntária na família imperial do país em mais de dois séculos.

Akihito, 85, permaneceu como imperador até meia-noite, hora em que o país entrou no ano 1 da nova era imperial "Reiwa" (que pode ser traduzida como "bela harmonia"), após três décadas da era Heisei ("alcançar a paz").

À meia-noite de quarta-feira (1º), pelo horário do Japão (12h da terça, em Brasília), Naruhito se tornou oficialmente o novo imperador. Na manhã de quarta, ele participará de uma cerimônia de coroação. 

A principal cerimônia, com apenas dez minutos de duração, foi realizada às 17h (5h em Brasília) no Salão do Pinheiro (Matsu-no-Ma), considerado o mais elegante do Palácio Imperial.

Akihito fez um breve discurso: "Expresso do fundo do meu coração minha gratidão ao povo do Japão, que me aceitou como símbolo do Estado e me apoiou", disse, em referência a seu papel de acordo com a Constituição, em vigor desde 1947, na qual o imperador deixou de ter o status de semideus.

Durante a manhã, o imperador realizou o ritual de "informar" sobre sua abdicação aos ancestrais em vários santuários do Palácio Imperial.

O dia chuvoso não reuniu uma grande multidão diante do palácio, um local muito protegido no centro de Tóquio. Os japoneses e turistas estrangeiros estavam divididos entre a emoção do momento e o entusiasmo com a nova era.

"Queria agradecer ao imperador por seu trabalho duro", afirmou Hironari Uemara, 76, que viajou de Okayama (oeste do país) a Tóquio. Sua esposa contou à AFP que vai sentir saudade do imperador Akihito e da imperatriz Michiko. "Tenho vontade de chorar", declarou.

A população japonesa organiza festejos históricos e praticamente inéditos, porque desta vez a nação não está de luto com a morte de um soberano. Isto aconteceu em 1989, com a morte de Hirohito, chamado de imperador Showa, em 1926 (falecimento do imperador Taisho) e em 1912 (morte do imperador Meiji).

Esta é a primeira vez em dois séculos que um imperador japonês cede o posto em vida, após uma lei elaborada sob medida para Akihito.

Em meados de 2016 o imperador anunciou que pretendia deixar o trono porque não conseguia mais exercer a função "de corpo e alma", uma consequência de sua idade e de seu estado de saúde.

O presidente dos EUA, Donald Trump, enviou uma mensagem em que manifesta "sincera apreciação" pelo casal imperial. Também destacou a "relação próxima" entre Estados Unidos e Japão.

Diversos eventos estão programados para os próximos meses para marcar a transferência do trono, com a presença de chefes de Estado e personalidades.

​Últimas peregrinações

Akihito e sua esposa Michiko realizaram nas semanas suas últimas peregrinações em um país que percorreram durante três décadas, sobretudo para levar conforto aos desabrigados após catástrofes naturais que aconteceram durante seu reinado.

Os imperadores gozam de grande respeito no país por sua proximidade com os cidadãos. 

A imperatriz Michiko desperta "grande entusiasmo" e ele soube ganhar o afeto "por exemplo apertando mãos", explica Hideya Kawanishi, professor da Universidade de Nagoya.

Eles passam a ser imperador e imperatriz eméritos e cedem o palácio imperial a Naruhito, 59, e a sua esposa Masako, 55.

No muito aguardado primeiro discurso de Naruhito na quarta-feira, após sua coroação, ele deve falar sobre o caráter que pretende dar a seu reinado.

Naruhito promete seguir os passos de seu pai. Ele deixou claro que continuará trabalhando para que as futuras gerações tenham conhecimento dos abusos cometidos pelo Japão durante a guerra e que pretende apoiar as vítimas de catástrofes naturais.

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