Descrição de chapéu The New York Times

Nova era do Japão ganha um nome, mas ninguém concorda sobre o que significa

Coroação de novo imperador do Japão, em maio, marcará início da era Reiwa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

 
Secretário chefe do gabinete japonês, Yoshihide Suga, revela ideograma 'Reiwa', que dá nome à nova era imperial
Secretário chefe do gabinete japonês, Yoshihide Suga, revela ideograma 'Reiwa', que dá nome à nova era imperial - Franck Robichon - 1º.abr.19/Pool Photo/via Reuters
Motoko Rich
Tóquio | The New York Times

​É o fim de uma era, e a nova já tem nome.

O governo japonês revelou oficialmente na segunda-feira (1) o nome da era imperial que começará em 1º de maio, um dia depois que o atual imperador, Akihito, abdicar.

Akihito, 85, é o primeiro monarca japonês a renunciar em mais de 200 anos. Com o final de seu reinado também termina sua era, conhecida como Heisei.

O reinado de cada imperador é acompanhado de um nome para seu mandato, e o nome da era torna-se uma parte importante da vida cotidiana no Japão, pois é usado para indicar a data em todos os documentos oficiais.

Em entrevista coletiva na segunda-feira, o secretário-chefe do gabinete, Yoshihide Suga, revelou dramaticamente uma interpretação caligráfica do nome da era do próximo imperador, o atual príncipe herdeiro Naruhito, 59. 

O reinado de Naruhito se chamará Reiwa, termo com diversos significados, que incluem "ordem e paz", "harmonia auspiciosa" e "harmonia feliz", segundo estudiosos citados na mídia japonesa.

​Naruhito deverá se tornar o 126º imperador da monarquia mais antiga do mundo.

A atual era imperial, conhecida com Heisei —traduzida aproximadamente como "alcançar a paz"—, foi escolhida no dia em que o pai de Akihito, o imperador Hirohito, morreu. 

Além de escolher o nome da era imperial um mês antes de Naruhito assumir o trono, o Japão rompeu a tradição de outra maneira: o governo escolheu a palavra "Reiwa" de uma coletânea de poesia japonesa, e não da literatura clássica chinesa, como era costume.

Assim que "Reiwa" foi anunciada, os analistas imediatamente saltaram para definir a palavra, tarefa dificultada pela natureza dos caracteres kanji da escrita japonesa.

O primeiro-ministro, Shinzo Abe, disse que o nome foi escolhido da mais antiga coletânea de poemas japoneses, uma antologia do século 8º conhecida como "Manyo-shu", e se refere a um verso sobre o brotar das flores de ameixeira depois de um inverno rigoroso.

"O nome da era se baseia na longa tradição da família imperial, na estabilidade do Estado e na felicidade da população", disse Abe, que não quis dar detalhes de como o nome foi escolhido ou quais eram as alternativas. 

Segundo a mídia japonesa, o gabinete escolheu o nome de uma lista depois de consultar um painel de nove especialistas, que incluía Shinya Yamanaka, pesquisador de células-tronco ganhador do prêmio Nobel, e a romancista Mariko Hayashi, uma das duas mulheres no painel. 

Nem o imperador nem o príncipe herdeiro influíram na decisão. 

Alguns comentaristas notaram que o gabinete de Abe, que é de direita e defendeu um maior papel militar para o Japão, escolheu um nome contendo um caractere que significa "ordem" ou "lei".

Em um e-mail à imprensa, Tomoaki Ishigaki, porta-voz do primeiro-ministro, escreveu que interpretar Reiwa como "ordem e paz" "não foi o significado pretendido".

​​Ishigaki indicou em vez disso trechos do discurso de Abe em que ele descreveu o nome como representando a "cultura nascida e nutrida enquanto as pessoas lindamente unem seus corações".

"Como as flores da ameixeira que se abrem lindamente, anunciando a chegada da primavera depois de um inverno rigoroso, cada pessoa no Japão pode abrir suas próprias flores com esperança no amanhã", disse Abe. 

Ao escolher o nome da literatura japonesa, em vez da chinesa, o governo fez uma opção "inquestionavelmente importante", segundo Kenneth J. Ruoff, historiador e especialista em Japão imperial na Universidade Estadual de Portland (EUA). "Ele se esforçou para enfatizar que essa é a tradição japonesa", disse Ruoff.

Fora isso, disse ele, o significado é "bastante amplo e vago".

Milhares de pessoas se reuniram em espaços públicos em Tóquio para esperar a divulgação do nome. Os jornais publicaram edições especiais comemorando o batismo da próxima era. No bairro de Shinbashi, em Tóquio, trabalhadores disputavam exemplares do jornal, cujo título era o nome da nova era em caracteres japoneses gigantes.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.