'Novo IRA' reconhece envolvimento em morte de jornalista na Irlanda do Norte

É a primeira morte em três anos ligada ao grupo, que pediu desculpa pela ação

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Belfast e Londres | AFP e Reuters

O Novo IRA, grupo republicano dissidente que luta pela reunificação da Irlanda, reconheceu nesta terça (23) seu envolvimento na morte da jornalista Lyra McKee na última quinta (18) e pediu desculpas "completas e sinceras" pela ação.

Essa é a primeira morte atribuída ao grupo em três anos, segundo o levantamento mantido pela Universidade de Ulster que registra as vítimas do conflito religioso na região. O crime fez aumentar o temor de uma nova onda de violência na Irlanda do Norte. 

Homem passa por mural com a inscrição "o IRA está acabado" em local próximo onde a jornalista Lyra McKee foi morta em Londonderry
Homem passa por mural com a inscrição "o IRA está acabado" em local próximo onde a jornalista Lyra McKee foi morta em Londonderry - Paul Faith - 20.abr.19/AFP

McKee, 29, foi atingida por tiros enquanto acompanhava um protesto feito por grupos a favor da unificação da Irlanda na cidade de Londonderry (Irlanda do Norte). O ato terminou em violência, com carros queimados e mais de 50 bombas caseiras jogadas contra os policiais.

Imagens de câmeras mostram um homem mascarado disparando na direção das viaturas da polícia, próximo de onde a jornalista estava. Ela chegou a ser levada a um hospital, mas não resistiu. 

Os seis principais partidos políticos da Irlanda do Norte —incluindo os unionistas e os republicanos, incapazes há mais de dois anos de chegar a um acordo para formar um governo em Belfast— publicaram uma declaração conjunta criticando o crime.

"O assassinato de Lyra constitui um ataque contra todos os membros desta comunidade, um ataque contra a paz e o processo democrático".

A jornalista Lyra McKee's, morta durante o tumulto em Londonderry na última quinta (18)
A jornalista Lyra McKee's, morta durante o tumulto em Londonderry na última quinta (18) - 19.abr.19/Police Service of Northern Ireland/AFP

A polícia desde o início apontou o Novo IRA como responsável pelo crime, mas só nesta terça o grupo reconheceu sua participação em um comunicado enviado ao jornal The Irish News. 

Na nota, o grupo afirma que enviou integrantes para acompanharem os tumultos na quinta, mas que não pretendia atingir civis. "Nós instruímos nossos voluntários a tomarem o máximo de cuidado no futuro quando se envolverem com o inimigo, e colocaremos em prática medidas para garantir isso", diz o comunicado. 

A polícia da Irlanda do Norte anunciou nesta terça-feira que prendeu uma mulher de 57 anos na investigação sobre a morte. Dois homens, de 18 e 19 anos, que haviam sido detidos previamente foram liberados sem acusações.

A violência entre republicanos nacionalistas (católicos), partidários da reunificação da Irlanda, e os unionistas (protestantes), defensores da permanência sob o Reino Unido, deixou cerca de 3.500 mortos até os acordos de paz de 1998. 

O antigo IRA (Exército Republicano Irlandês), que durante décadas liderou a campanha violenta pela unificação, aceitou o acordo e em 2005 entregou suas armas, simbolicamente encerrando o conflito. 

Mas alguns grupos menores não aceitaram os termos e mantiveram a luta pela unificação, inclusive recorrendo a violência.

Entre eles está exatamente o Novo IRA, fundado em 2012 por dissidentes do antigo IRA e responsável por pelo menos outras três mortes nos últimos anos (uma em 2013 e duas em 2016), segundo o levantamento da Universidade de Ulster. O grupo também reivindicou a explosão em janeiro de um carro-bomba em Londonderry. 

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