Descrição de chapéu The Washington Post

O que aconteceu com o Gato da Embaixada de Julian Assange?

Animal de estimação viveu com o fundador do WikiLeaks durante seu asilo em Londres

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O Gato da Embaixada na varanda de sua casa em Londres
O Gato da Embaixada na varanda de sua casa em Londres - Peter Nicholls - 30.jul.2018/Reuters
Washington Post

Julian Assange guardava muitos segredos em seu quarto na Embaixada do Equador em Londres. Mas quando sua estada de sete anos terminou de modo ignominioso, na quinta-feira (11), um último mistério chamou a atenção da comunidade internacional. 

O que acontecerá com o Gato da Embaixada?

O amigo peludo do solicitante de asilo foi a única companhia constante de Assange durante alguns de seus anos solitários como autoproclamado refugiado político.

O gato tinha um número significativo de seguidores na internet —embora suas opiniões fossem suspeitamente próximas das de seu dono humano— e fosse aparentemente um elemento da embaixada, com tendência a derrubar enfeites de árvore de Natal e aliviar a tensão enquanto o fundador do WikiLeaks se misturava com um bando de líderes mundiais.

Ele tinha o nome de sua famosa casa, mas às vezes era chamado de "James" ou "Cat-stro", após a morte do líder cubano em 2016.

Suas contas no Twitter e no Instagram —com 31 mil e 5.000 seguidores, respectivamente— também monopolizaram o cobiçado mercado de piadas sobre cibersegurança-versus-gato (o felino se interessaria, segundo relatos, por ronronância).

Por isso, quando a polícia britânica invadiu a Embaixada do Equador, prendeu Assange e o levou sob custódia depois que um tribunal federal dos Estados Unidos abriu uma denúncia acusando-o de conspiração, muitos temeram sobre o destino do gato.

O asilo do felino também terminaria? Ou estava apenas começando? Alguém o adotaria, ou ele também enfrentaria a extradição para os Estados Unidos? Seria vítima de uma vasta conspiração? Ele saberia demais? 

"O gato de Julian Assange vai ficar bem?", perguntou uma pessoa. 

"Espero que alguém cuide desse gato, que deve estar muito confuso com tudo isso", disse outra.
Uma terceira simplesmente declarou: "Estou preocupada com... o gato".

Embora não esteja claro o que aconteceu exatamente com o Gato da Embaixada, diversas fontes indicaram que ele deixou a casa há muito tempo. 

O jornal italiano La Repubblica relatou em novembro de 2018 que o felino tinha desaparecido. Mas, segundo o jornal, sua partida foi por seu próprio bem, um gesto benevolente do proprietário.

O autor, que visitou Assange para escrever a reportagem, disse que "O gato nem está mais lá. (...) Assange preferiu poupá-lo do isolamento que se tornou insuportável e lhe dar uma vida melhor"

O Sputnik News, veículo financiado pelo governo russo e repórter diligente dos fatos ocorridos com o Gato da Embaixada, disse que contatou a representação equatoriana e que um porta-voz confirmou que o gato partiu há meses.

"Ele não está aqui desde setembro, eu acho", disse a autoridade ao Sputnik.

"Ele foi levado por aliados de Assange há muito tempo... não está aqui. Não somos uma pet shop, por isso não temos animais."

James Ball, um antigo empregado do WikiLeaks que desertou depois de três meses na organização, disse no Twitter que a embaixada deu o gato a um abrigo "há muito tempo".

Ele também escreveu que "genuinamente se ofereceu para adotá-lo", mas parece que Assange não o levou a sério.

Mas a pessoa mais próxima de Assange que comentou sobre o Gato da Embaixada, um membro de sua equipe jurídica, disse que o fundador do WikiLeaks deu o animal a um parente depois que a embaixada ameaçou levá-lo para um abrigo. 

"Furioso com a ameaça, ele pediu que seus advogados levassem o animal a um local seguro. O gato é da família de Assange. Eles se reunirão em liberdade", disse Hanna Jonasson em um tuíte.

Em 2018, a Embaixada do Equador puniu seu mais famoso inquilino, dando a Assange uma série de regras da casa que o instruíam a limpar seu banheiro e cuidar melhor de seu gato.

As normas o avisavam de que devia cuidar do "bem-estar, alimentação e higiene" do felino, ou correria o risco de perdê-lo, relatou a BBC. 

Se os relatos de que o gato foi maltratado forem verdadeiros, então provavelmente ele está mais feliz em sua nova casa, seja onde for, segundo John Bradshaw, estudioso e especialista em gatos, cães e seus relacionamentos com os seres humanos. 

"Parece muito possível que o gato não fosse especialmente ligado a Assange, de qualquer maneira", disse Bradshaw ao Washington Post. "Se ele já foi transferido, eu diria que ele sente mais falta da embaixada do que de Assange." 

Outras reportagens na mídia sugeriram que o gato é menos um companheiro e mais uma estratégia de relações-públicas.

Assange disse a tabloides que o gato foi um presente de seus filhos, mas uma fonte que supostamente o conhece bem contou à revista New Yorker algo bem diferente. 

"Julian olhou para o gato durante meia hora, tentando adivinhar como ele poderia ser útil, e então veio com isto: sim, vamos dizer que ele é dos meus filhos", explicou a fonte. "Tudo é relações-públicas. Tudo."

Quanto aos novos donos, Bradshaw lhes aconselhou a manter o gato como uma mascote de interiores, já que ele cresceu assim na embaixada. Se for deixado fora de casa depois da repatriação, poderá tentar escapar e voltar à antiga morada no bairro de Londres. 

"Ele provavelmente tentará voltar a Knightsbridge e poderá ser vítima do tráfego de veículos", disse Bradshaw.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves 

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