ONU adia conferência nacional na Líbia devido a combates perto de Trípoli

País vive disputa entre governo e milícia rebelde que controla o leste do país

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Tanque da mílicia ELN em Al-Aziziyah, a 40 km de Trípoli, em imagem divulgada pelo grupo rebelde - ELN/AFP
Trípoli | Reuters e AFP

O emissário da ONU na Líbia, Ghassan Salamé, anunciou nesta terça-feira (9) o adiamento por prazo indefinido da conferência nacional líbia, que seria realizada entre os dias 14 a 16 de abril, em razão dos combates ao sul da capital Trípoli.

A medida é tomada em um momento no qual os partidos do país do Norte da África enfrentam pressão internacional crescente para conter a violência que causou a fuga de milhares de pessoas e deixou dezenas de mortos.

"Não podermos cobrar a participação na conferência, num momento em que canhões são disparados e bombardeios aéreos são realizados", lamentou Salamé. Ele expressou esperança de que a reunião ocorra "o mais breve possível". 

A Líbia possui um governo central, sediado em Trípoli, reconhecido internacionalmente, mas que não possui o controle de todo o território. O grupo rebelde Exército Nacional Líbio (ELN), chefiado por Khalifa Haftar, iniciou uma ofensiva na semana passada para tentar invadir Trípoli e assumir o controle total do país.

Nesta quarta-feira (10), milhares de pessoas em Trípoli deixaram suas casas. Segundo a ONU, ao menos 4.500 moradores foram para áreas mais seguras. No entanto, muitos outros não conseguem deixar as regiões de conflito devido a bloqueios nas estradas ou a outros obstáculos.

Forças do ELN estão a 11 km ao sul do centro de Trípoli, onde combates estão ocorrendo. A cidade teve ao menos 50 mortos nos últimos dias. A maioria das vítimas era combatente. 

Na segunda-feira (8), rebeldes bombardearam o único aeroporto de Trípoli. O local segue sob controle do governo, mas os voos foram suspensos. 

Moradores de Tripoli tentam seguir a rotina, apesar das dificuldades. Os preços dos produtos subiram, e o comércio está fechando mais cedo do que o normal. 

"Não me importa quem ganha ou perca. Só quero sobreviver junto com a minha família", disse um professor em Trípoli, que tenta deixar a cidade. 

A Líbia, país rico em petróleo, foi abalado por violentas disputas de poder entre uma série de grupos armados desde a derrubada e a morte do ditador Muammar Gaddafi, apoiada pela Otan em 2011.

O Governo de Acordo Nacional, apoiado pela ONU, controla a capital, mas sua autoridade não é reconhecida por um governo paralelo no leste do país, aliado a Haftar.

O militar rebelde prossegue com a ofensiva que iniciou na semana passada, apesar da pressão internacional pelo fim das hostilidades. Além das regiões do leste, suas forças estenderam seu controle ao sul da Líbia e visam agora o oeste.

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