Resistentes a apoio a Cristina Kirchner, sindicatos organizam greve geral na Argentina

Ato nesta terça afetará aeroportos que atendem Buenos Aires; governo promete reforçar policiamento nas ruas

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Buenos Aires

A greve que ocorre nesta terça-feira (30), na Argentina, "será uma manifestação de repúdio a um governo que fracassou em tudo", segundo o veterano líder sindical Hugo Moyano, 75, organizador do ato que envolve os principais sindicatos da Argentina.

Antes vinculado ao governo de Néstor Kirchner (2003-2007), Moyano se distanciou com o tempo de Cristina Kirchner quando esta era presidente (2007-2015). A ex-mandatária preferiu não se apoiar tanto nos sindicalistas, como fazia o peronismo no passado, e passou a se unir a organizações estudantis, como o La Cámpora.

É por isso que o ato de terça-feira não será de apoio à principal opositora de Macri e líder nas pesquisas, por ora, nas eleições de 27 de outubro.

O principal líder sindical da Argentina, Hugo Moyano - Patrícia Santos/Folhapress

"Vamos esperar que a ex-presidente apresente suas ideias para pensarmos em um provável apoio. Por ora, sairemos às ruas com o único propósito de chamar a atenção para a fome, a miséria, o empobrecimento da população e a desaparecimento dos empregos e dos direitos dos aposentados", declarou Moyano a meios argentinos, quando explicou como ocorrerá a greve.

Além da interrupção das atividades, os sindicalistas prometem atos, manifestações nas vias de entrada de Buenos Aires e de outras no interior do país.

Por parte do governo, a única figura a se posicionar foi a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, que proibiu o bloqueio de ruas, avenidas e estradas. Ela também afirmou que a vigilância e o policiamento das ruas estarão reforçados nesse dia.

Além de interromper os serviços de distribuição, os transportes (terrestres e aéreos), bancos, hospitais públicos, escolas do Estado e repartições, os sindicalistas planejam marchar até a Praça de Maio, diante da Casa Rosada (sede do governo argentino) a partir das 13h.

Manifestação de trabalhadores na Argentina
Manifestação de trabalhadores na Argentina - AFP

​Nos últimos dias, a cúpula do governo Macri se ocupou em dar fim aos rumores de que sua candidatura, caso a economia não se recupere nos próximos meses, dê lugar ao chamado "plano V".

Este consistiria em apresentar como candidata, pela aliança governista Cambiemos, não o presidente, e sim a governadora da Província de Buenos Aires, Maria Eugenia Vidal, cuja popularidade está mais preservada. Pesquisas recentes mostram que sua popularidade ainda ronda os 40%, enquanto a de Macri está em queda livre, por volta dos 30%.

Vidal, porém, afirmou na sexta-feira (26) que só seria candidata "se Mauricio pedisse". O presidente, em entrevista a uma emissora de TV, teceu vários elogios à governadora e apresentou-a como um dos principais quadros de seu time. 

Contudo, afirmou que, por enquanto, não desistiu da candidatura e que ela deveria, sim, concorrer, mas novamente na Província. Esta última eleição é chave, pois é na Província de Buenos Aires, cuja capital é La Plata, que se concentra 38% do eleitorado de toda a Argentina.

Quem tiver viagem programada para o país nos próximos dias deve consultar sua companhia aérea ou agência em que comprou o bilhete.

grande fila de pessoas num ponto de ônibus
Pessoas esperam por ônibus durante greve geral, em Buenos Aires - Agustin Marcarian/Reuters

No domingo (28), as empresas Latam e Aerolíneas Argentinas informaram que não voarão no dia da greve, o que resultará no cancelamento de 350 voos, afetando 22 mil passageiros. Em um comunicado oficial, a Aerolíneas afirmou que já estava garantido o remanejamento de 40% desses passageiros para outros dias.

Ainda assim, esperam-se jornadas tensas no aeroporto internacional de Ezeiza, próximo a Buenos Aires, e no Aeroparque, que fica dentro da capital argentina.

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