Descrição de chapéu The New York Times

Sri Lanka ignorou sinais dados por acusado de planejar ataques

O pregador muçulmano radical Zahran Hashim fazia sermões que atraíam jovens

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Imagem divulgada pelo Estado Islâmico mostra Zahran Hashim (sem máscara) jurando lealdade ao grupo - AFP
Kattankudy (Sri Lanka) | The New York Times

Zahran Hashim, um pregador muçulmano radical acusado de ser o cérebro dos ataques do domingo de Páscoa contra igrejas e hotéis no Sri Lanka, nunca escondeu seu ódio. 

Ele criticou uma apresentação local em que meninas muçulmanas ousaram dançar. Quando um político muçulmano fez uma festa de aniversário, ele se enfureceu porque as tradições infiéis ocidentais estavam envenenando sua cidade, Kattankudy.

Havia três tipos de pessoas, disse Zahran em um de seus sermões online: muçulmanos, os que entraram em acordo com os muçulmanos e “pessoas que deviam ser mortas”.

Zahran foi descrito por autoridades do Sri Lanka como o fundador de um grupo obscuro com objetivos incoerentes.

Mas em sua cidade natal, e no mundo online do islamismo radical, em que seus sermões eram populares entre alguns jovens, estava claro havia anos que o ódio de Zahran se destinava a atrair uma nova geração de militantes.

“Ele era influente, atraente, muito inteligente em seus discursos, apesar de ser loucura o que dizia”, diz Marzook Ahamed Lebbe, membro de uma federação islâmica de Kattankudy. “Todos o subestimamos. Nunca pensamos que ele fosse fazer o que dizia.” 

Após os ataques do domingo de Páscoa, o Estado Islâmico afirmou que os terroristas eram seus combatentes e divulgou um vídeo em que Zahran é o único com o rosto exposto ao lado de outros sete homens mascarados. 

Investigadores do Sri Lanka acreditam que oito homens-bombas cometeram os ataques e que Zahran foi um dos suicidas que atacaram o Hotel Shangri-la, em Colombo. 

Os muçulmanos em Kattankudy disseram que contataram várias vezes a polícia para avisar que Zahran era perigoso, mas que as autoridades minimizaram a ameaça. 

Uma das igrejas atacadas —onde morreram mais de 20 pessoas, muitas delas crianças— ficava em Batticaloa, ao norte de Kattankudy.

“Não consigo digerir isso”, diz Madaniya, irmã de Zahran, que vive em Kattankudy. “Eu o condeno fortemente.”

Kattankudy é um oásis de islamismo em uma ilha de maioria budista com minorias hindu e cristã. As casas têm foto de Meca na parede, e as ruas são decoradas com monumentos dourados com dizeres em árabe. 

Em 2017, Zahran atacou com uma espada membros de uma seita sufi em Kattankudy, aos quais acusava de infiéis. Dez de seus seguidores foram detidos, incluindo seu pai, mas ele escapou. 

O sufi H.M. Ameer diz que a comunidade avisou a polícia várias vezes sobre o extremismo de Zahran, mas não houve resultado. Na quinta-feira (25), sufis em Kattankudy receberam um aviso do departamento de investigação criminal do Sri Lanka de que seus locais sagrados poderiam ser atacados na sexta por militantes ligados a Zahran.

“Nós os avisamos”, diz Ameer. “Estava tudo aí, claro como o dia. Mas nada foi feito.”

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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