Vestes tradicionais só serão usadas em 1 dos 5 eventos da sucessão no Japão

Naruhito, 59, assumirá o trono imperial após abdicação de seu pai, Akihito, 85

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São Paulo

O imaginário ocidental sobre o guarda-roupa oriental é uma mistura de referências baseadas em mangás, filmes americanos de luta e fantasias. A abdicação de Akihito e a chegada de seu filho, Naruhito, ao trono servirão para desmistificar essa caricatura.

A partir de quarta-feira (1º) até novembro, estão previstos cinco eventos para marcar a sucessão imperial, mas apenas em um deles, em outubro, as vestes tradicionais serão usadas. O protocolo começa após o anúncio feito pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, no Palácio Imperial.

Ali, tanto Akihito quanto sua família vestirão trajes de alfaiataria, e membros da casa imperial levarão três caixas até o imperador. Numa delas haverá um espelho, considerado uma joia sagrada. Noutra, um objeto que ninguém sabe o que é —nem mesmo os imperadores.

Akihito, com veste tradicional japonesa, durante cerimônia em que se tornou imperador 
Akihito, com veste tradicional japonesa, durante cerimônia em que se tornou imperador  - 13.nov.90/AFP

A terceira caixa estará vazia, como representação da espada Kusanagi, que na mitologia foi dada à deusa do sol pelo seu irmão, o deus Susano’o.

Quando Akihito se tornou imperador, a foto dos símbolos tradicionais nas caixas junto à comitiva vestida com roupas ocidentais transmitiu ao mundo uma imagem que passeia entre tradição e modernidade.

Já o visual que o mundo espera ver, com quimonos e adornos, só será visto numa cerimônia em outubro, quando Naruhito inicia de fato a era Reiwa.

Composto por uma túnica de seda sobreposta a uma base branca adornada com bordados de folhagens na mesma cor, a imagem da roupa data do início das linhagens imperiais, mais de 600 a.C. Os adornos de cabeça emulam os penteados dos que governaram durante o período Edo, no século 15, enquanto as proporções das roupas apontam para as vestes de samurais daquela época.

São as referências à riqueza imagética desse tempo que guiam a produção de quimonos ainda hoje. Bordados com flores, lustrados e cortados com precisão milimétrica por artesãos do interior do país, essas roupas levam a seda mais pura disponível no mercado.

Em ilhas ao sul do Japão , como Amami Oshima, ainda se usa lama rica em ferro para dar cor aos fios de seda. Cortadas manualmente, as vestes chegam a custar mais de R$ 45 mil.

O Brasil pode participar da cerimônia de sucessão. Saem de uma fiação de Londrina, no estado do Paraná, comandada por nipo-brasileiros, os fios considerados mais finos do mundo, cujos rolos são usados pela grife francesa Hermès e pela indústria japonesa de luxo para confecção de trajes especiais.

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