Descrição de chapéu Brexit

Brexit pauta britânicos na eleição para o Parlamento Europeu

Indefinição do processo de saída da União Europeu enfraquece partidos tradicionais

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Paris

O romance farsesco do brexit, a saída britânica da União Europeia (UE), ganha mais um capítulo nesta quinta-feira (23) com a realização, no Reino Unido, da eleição para uma das instituições do clube do qual o país escolheu há quase três anos se desligar —o resto do continente vota de sexta a domingo. 

Setenta e três deputados compõem a bancada britânica no Parlamento Europeu, grupo que pode deixar o plenário da noite para o dia, quando (e se) o adeus de Londres à UE se concretizar. 

Nesse caso, parte dos assentos vagos será redistribuída entre outros Estados-membros, mas 46 ficarão “guardados” para futuros membros do consórcio europeu.

Pesquisas de intenção de voto mostram o estrago que a indefinição sobre os rumos do brexit fez no establishment político do país insular.

O Partido Trabalhista, que lidera a oposição, surge com apenas 13% no último levantamento do instituto YouGov e pode ser ultrapassado na já incômoda terceira posição pelos Verdes.

A debacle do Partido Conservador, da primeira-ministra Theresa May, é ainda mais aguda. A legenda aparece na quinta posição, com apenas 7% das preferências.

No topo, com 37%, figura o Partido do Brexit, nova criação do eurodeputado e agitador Nigel Farage, um dos principais artífices do plebiscito de 2016 que abriu as portas do inferno para as forças tradicionais da política britânica.

Na vice-liderança das sondagens, o Partido Liberal-Democrata se posicionou durante a campanha como “a” agremiação a quem deseja nova consulta popular sobre o brexit.

Os trabalhistas, que poderiam levantar a bandeira, não conseguem se pôr de acordo sobre a questão —seu líder, Jeremy Corbyn, é reticente em relação a como um novo plebiscito afetaria a percepção do cidadão comum sobre o funcionamento da democracia. 

Resultado: 35% de seus eleitores habituais disseram desta vez preferir os liberais.

“De certa maneira, vai ser uma reedição do plebiscito, temperada com a falência dos dois grandes grupos partidários”, avalia Tony Travers, professor da Escola de Políticas Públicas da London School of Economics.

A impressão de repeteco, segundo ele, pode se acentuar se a distribuição de votos entre as siglas favoráveis e contrárias a uma nova consulta popular desenhar dois blocos de força parecida.

“Curiosamente, é possível que tenhamos mais participação nesta quinta do que se o país tivesse votado para não sair da União Europeia”, ressalta Travers.

Em 2014, ano da última eleição continental, a abstenção britânica foi de quase 65%.

O Ukip (Partido da Independência, do qual o Partido do Brexit é dissidência) teve 27% dos votos, mas trabalhistas (25%) e conservadores (23%) não passaram vexame.

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