'Clones' de Emmanuel Macron marcam eleições para o Parlamento Europeu

Vários dos candidatos às 74 vagas francesas tentam replicar modelo exitoso do presidente

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Paris

​Um curioso fenômeno marca a disputa pelas 74 vagas da França no Parlamento Europeu, que chega a seu clímax neste domingo (26).


Trata-se da multiplicação dos “clones” do presidente Emmanuel Macron —ou, vá lá, do que ele representava em 2017, ao ser eleito: uma combinação de juventude, fotogenia e promessa de renovação dos códigos da política.
Francois-Xavier Bellamy, candidato ao Parlamento Europeu, durante discurso em Paris - Geoffroy van der Hasselt - 15.mai.2019/AFP

Espalhados pelo espectro partidário, os Macrons genéricos tentam reproduzir a alquimia que, em nove meses, levou um obstinado ministro da Economia de menos de 40 anos ao Palácio do Eliseu.

Do “laboratório” saiu, por exemplo, o professor de filosofia François-Xavier Bellamy, 33, cabeça de chapa de Os Republicanos, partido mais tradicional da direita francesa.

Da mesma cepa são o ensaísta Raphaël Glucksmann, 39, que já flertou com o conservadorismo, mas lidera uma coligação entre o seu Praça Pública e o combalido Partido Socialista (PS), quinto na presidencial de 2017; ou ainda o prefeito-adjunto de Paris, Ian Brossat, 39, chefe de fileira comunista.

Pela esquerda radical (França Insubmissa) concorre a ativista Manon Aubry, 29, ligada à ONG Oxfam. Por fim, há o quase pós-adolescente Jordan Bardella, 23, pinçado das “divisões de base” da Reunião Nacional, partido de ultradireita derrotado no segundo turno por Macron há dois anos.  

Para enfrentar o batalhão de clones, Macron e sua República em Marcha (REM) escalaram a diplomata de carreira Nathalie Loiseau, 54, até há pouco ministra para Assuntos Europeus e de competência reconhecida. A campanha mostrou, porém, que falta à candidata traquejo eleitoral.

Primeiro, ela se enrolou sobre a adesão a uma organização estudantil de tendência ultradireitista, há décadas. Chegou a negar a filiação antes de reconhecê-la, minimizando-a.

 
Causou desconforto, ainda, ao dizer ter sido tratada “como cigana” na Escola Nacional de Administração, que dirigiu mesmo não tendo se formado lá —é da instituição que saem nove de cada dez políticos de expressão nacional.

Os deslizes podem ter contribuído para a estagnação governista nas pesquisas. Na última, divulgada na sexta (24), a REM surge com 23%, atrás dos 25% da Reunião Nacional (em trajetória ascendente). O mano a mano reedita o segundo turno de 2017, entre Macron e Marine Le Pen.

No pelotão intermediário, Os Republicanos surgem com 13%, e a esquerda paga pela pulverização, tanto no extremo (na luta entre França Insubmissa e comunistas, o placar é de 7,5% a 2,5%) quanto na ala moderada. O PS tem 5,5% das preferências e corre o risco de ficar fora do Parlamento Europeu —o piso é de 5%.

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