Com impasse para formar governo, Israel pode ter nova eleição

Briga entre sigla religiosa e direita radical impede que Netanyahu seja confirmado como premiê

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Jerusalém e São Paulo | Reuters

Os israelenses podem ter de voltar em breve às urnas, menos de dois meses após as eleições legislativas que deram vitória para a coalizão de direita do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu

Apesar de o premiê e seus aliados terem conquistado a maioria das vagas no Parlamento na votação de 9 de abril, ele até o momento não conseguiu formar um governo devido a um desentendimento entre duas siglas menores. 

O premiê israelense Binyamin Netanyahu no Parlamento após a Casa aprovar de maneira preliminar sua dissolução
O premiê israelense Binyamin Netanyahu no Parlamento após a Casa aprovar de maneira preliminar sua dissolução - Menahem Kahana/AFP

Nesta segunda (27), o Parlamento aprovou de maneira preliminar sua própria dissolução e a convocação de novas eleições. A Casa, porém, terá que confirmar essa medida em uma votação na próxima quarta-feira (29), data limite para Netanyahu formar o governo —ele segue no cargo até a situação ser resolvida. 

O Parlamento israelense tem 120 cadeiras, o que significa que o primeiro-ministro precisa do apoio de 61 deputados para ser confirmado no cargo. O Likud, de Netanyahu, e o centrista Azul e Branco são as duas maiores siglas na Casa, com 35 assentos cada uma. 

Assim, o atual premiê depende de um acordo com outras cinco agremiações de direita para se manter no cargo —juntos, esses partidos têm outras 30 cadeiras, o que daria a uma coalizão com o Likud 65 vagas, suficiente para aprovar seu nome. 

Após a divulgação dos resultados, Netayahu foi reconhecido como vencedor até mesmo pela oposição, e a formação do governo era considerada questão de tempo. 

Por isso, ele recebeu em 17 de abril do presidente Reuven Rivlin a missão de formar um novo governo. Inicialmente, tinha 28 dias para completar o processo, mas pediu prorrogação de duas semanas para tentar resolver o impasse —é esse prazo que vence na quarta.

O problema para Netanyahu é que duas das siglas com as quais ele precisa negociar, a Judaísmo da Torá (ultraortodoxa religiosos, dona de oito cadeiras) e a Israel Nossa Casa (direita radical, cinco cadeiras) não conseguem se entender. 

O líder da Israel Nossa Casa, Avigdor Lieberman (ex-ministro da Defesa de Netanyahu), exige o fim da dispensa de serviço militar para jovens religiosos ultraortodoxos, o que o Judaísmo da Torá não aceita.

Segundo a agência Reuters, Lieberman trabalha para impedir a coalizão porque acha que seu partido pode crescer em uma nova eleição, permitindo que ele próprio assumisse como premiê. 

Sem o apoio de qualquer uma das duas siglas, Netanyahu não conseguirá chegar ao número mágico de 61 cadeiras para se manter no cargo.

Os partidos de direita também já descartaram apoiar o Azul e Branco, o que significa que se Netanyahu não conseguir chegar a um acordo, as eleições são a saída mais óbvia para o impasse. 

O premiê, porém, afirmou que não irá desistir antes do fim do prazo. "Enquanto ainda houver tempo, continuarei tentando de todas as maneiras formar um governo nos próximos dias", afirmou ele.

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