Após apuração total das urnas, a comissão eleitoral da África do Sul anunciou, na tarde deste sábado (11), que o partido Congresso Nacional Africano (CNA), de Nelson Mandela, conquistou a maioria dos assentos e venceu as eleições parlamentares no país.
Mesmo com o resultado de 57,5% dos votos, esta é a pior performance da sigla desde que chegou ao poder, nas primeiras eleições democráticas, em 1994 —o pleito marcou o fim do apartheid.
O partido foi punido pelos eleitores por esforços hesitantes para combater a corrupção, o desemprego e a discriminação racial, sem contar disparidades em habitação, serviços e distribuição de terras.
O CNA, do atual presidente Cyril Ramaphosa, obteve mais de 9 milhões de votos, o que matematicamente garante à legenda a maioria absoluta dos lugares do Parlamento.
Ramaphosa, no poder desde fevereiro de 2018, deve ser empossado em 25 de maio. A vitória do CNA assegura assentos suficientes para dar ao presidente mais cinco anos no cargo.
Em comparação com as eleições legislativas de 2014, o partido perdeu 4,3 pontos percentuais —os assentos do CNA no parlamento de 400 membros caíram de 249 para 230. A Aliança Democrática, principal sigla de oposição, também viu o seu número de assentos cair de 89 para 84, enquanto o esquerdista Freedom Fighters ganhou 19 lugares, chegando a 44.
Autoridades do CNA reconheceram a queda, mas disseram que os resultados ainda são fortes o suficiente. "As pessoas mostraram que estão dispostas a perdoar o CNA", disse Ronald Lamola, membro do partido. "Estamos olhando para um mandato claro para as nossas políticas."
Muitos dos que votaram na quarta-feira (8) por um novo parlamento e nove legislaturas provinciais afirmaram que estão frustrados com a corrupção desenfreada, o alto desemprego e as desigualdades raciais que persistem uma geração após o fim do governo da minoria branca. A economia mais avançada do continente africano continua sendo uma das sociedades mais desiguais do mundo, de acordo com o Banco Mundial.
Analistas afirmaram que os resultados podem encorajar os oponentes de Ramaphosa a representar um potencial desafio para sua liderança.
O CNA será eleito com o suporte de 27% da população apta a votar, ante 47% em 1999, segundo Peter Attard Montalto, diretor de pesquisa de mercado de capitais da Intellidex. "Esse tipo de dinâmica não é um mandato nem um ímpeto para a mudança."
As eleições foram realizadas sem incidentes e coincidiram com o 25º aniversário do fim do regime racista do apartheid.
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