Nesta sexta-feira (31), o governo das Filipinas enviou toneladas de resíduos de volta para o Canadá. O lixo é um acumulo de anos, e era objeto de disputa entre os dois países.
Nos últimos meses, diversos países do Sudeste Asiático têm colocado restrições às importações de dejetos, declarando que não querem ser a "lixeira" do ocidente.
Após uma longa campanha para conseguir que o Canadá aceitasse o lixo de volta, o presidente filipino, Rodrigo Duterte, decidiu na semana passada ordenar a devolução imediata da carga. No total, 69 contêineres partiram a bordo de um cargueiro da Baía de Subic, no noroeste da capital Manila.
"Baaaaaaaaa bye, como dizemos aqui", tuitou o ministro filipino das Relações Exteriores, Teodoro Locsin, com uma foto do cargueiro navegando.
"Nos comprometemos com os filipinos e trabalhamos em estreita colaboração com eles", declarou a ministra canadense do Meio Ambiente, Catherine McKenna, na quinta-feira (30).
Em julho de 2017, a China declarou durante uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) que reduziria as importações de 24 tipos de recicláveis e passaria a cobrar a limpeza mais rígida de vários outros materiais, para poder reincorporá-los adequadamente na indústria.
Até então, o país era responsável pela compra de mais da metade do lixo plástico do mundo, e de quantias significativas de resíduos de papel —60% dos gerados nos EUA e 70% dos Europeus. Pequim justificou sua decisão com argumentos ambientais e com a preocupação com a saúde da população.
A medida foi cumprida e gerou uma crise global no gerenciamento de resíduos. Países desenvolvidos tinham esgotado sua capacidade de absorver lixo. Comerciantes de dejetos foram forçados a procurar novos clientes, e os encontram no Sudeste Asiático, em países como Malásia, Tailândia, Vietnã, Indonésia e Índia, lugares com menos regulamentações de importação e controles ambientais menos rigorosos.
Mas países que ocuparam temporariamente esse espaço deixado pela China estão agora introduzindo restrições a importação de resíduos. Há alguns dias, a Malásia anunciou que devolveria 450 toneladas de dejetos plásticos para vários países, incluindo Austrália, Bangladesh, Canadá, China, Japão, Arábia Saudita e Estados Unidos.
"A Malásia não será o lixão do mundo", declarou a ministra malaia de Energia, Meio Ambiente e Ciência, Yeo Bee Yin. "Não nos deixaremos intimidar pelos países desenvolvidos", afirmou.
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