Governo e oposição da Venezuela vão retornar à Noruega para diálogo

Representantes dos dois lados envolvidos na crise participam de reunião

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Caracas | AFP e Reuters

A Noruega afirmou, neste sábado (26), que representantes do governo da Venezuela e da oposição vão retornar a Oslo nesta semana para dar sequência à rodada inicial de conversas, que buscam uma saída para a profunda crise instalada no país.

Será a primeira vez que as duas partes vão se reunir cara a cara —membros do governo e da oposição  já haviam viajado a Oslo, mas tiveram reuniões separadas com os negociadores.

O líder da oposição Juan Guaidó faz discurso em uma universidade em Caracas
O líder da oposição Juan Guaidó faz discurso em uma universidade em Caracas - Federico Parra/AFP

“Reiteramos nosso compromisso de continuar apoiando a procura por uma solução comum entre todas as partes na Venezuela”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Noruega.

A mediação foi aceita pelos dois lados semanas após a fracassada do líder opositor Juan Guaidó de derrubar o ditador Nicolás Maduro, em 30 de abril. Guaidó esperava apoio dos militares,  que não veio. 
 O líder opositor defendeu neste domingo o envio de delegados a Oslo e alertou que opositores contrários a negociar podem acabar sendo cúmplices de Maduro. 

“Os que não entendem que temos jogar em todos os tabuleiros, que temos que ter presença ativa em todos os lugares, (...) estão cooperando com outra causa”, afirmou Guaidó a centenas de seguidores em Barquisimeto, no estado de Lara.

“De Lara até a Noruega, de Caracas até Washington, nossas exigências são as mesmas. Quem pretenda que renunciemos à pressão nas ruas ou nos cenários internacionais para o fim da usurpação, se torna cúmplice da ditadura”, escreveu o líder opositor, em uma rede social.

No sábado, Guaidó havia dito que só considera válidas as negociações que levem à saída de Maduro e à realização de eleições livres. “Aqui nunca mais vão nos confundir com falsos diálogos”, discursou. “Não entremos em processos protelatórios que atrasem a liberdade e a solução para o caos que sofre nosso país”. 

A ideia de negociar com o regime de Maduro é questionada por parte da oposição, decepcionada depois de ao menos quatro tentativas de conversas desde 2013, quando o ditador chegou ao poder. Todas terminaram em fracasso para os opositores.  

“Agradeço ao governo da Noruega por seus esforços para avançar nos diálogos pela paz e pela estabilidade da Venezuela. Nossa delegação parte para Oslo com boa disposição para trabalhar a agenda integral combinada e avançar na construção de bons acordos”, publicou Maduro em redes sociais.

A turbulência na Venezuela se agravou neste ano depois que Guaidó, líder da oposição e presidente da Assembleia Nacional, declarou-se presidente interino  —e foi reconhecido por mais de 50 países, como Brasil e EUA. 

Guaidó afirma que as eleições de 2018, quando Maduro foi reeleito, foram fraudadas. Assim, caberia a ele, como chefe do Parlamento, assumir o poder e convocar um novo pleito. 

Maduro, que mantém o controle do Estado, chama Guaidó de marionete dos EUA e culpa Washington por gerar a crise econômica na Venezuela, ao aplicar sanções econômicas e por buscar desestabilizar o país.

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