O ditador sudanês deposto, Omar al Bashir, foi formalmente acusado de matar manifestantes durante protestos contra seu regime, informou nesta segunda-feira (13) o Ministério Público do país.
"Omar al-Bashir e outras [autoridades] foram incriminados por incitação e participação no assassinato de manifestantes", afirma o comunicado do procurador-geral.
As acusações contra Bashir resultaram da investigação sobre a morte de um médico durante os protestos na capital.
No início de maio, Bashir foi interrogado sobre as acusações de lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo.
Em 11 de abril, após meses de protestos, o Exército forçou Bashir a deixar o poder, depois de quase três décadas conduzindo a política com mão de ferro.
Desde que foi deposto e preso, ele não divulgou comentários.
País africano de língua árabe localizado ao sul do Egito, o Sudão vivia desde 19 de dezembro uma onda de protestos pela queda do ditador, que chegou ao poder em 1989 por meio de um golpe militar que derrubou Sadiq al-Mahd, eleito democraticamente.
Um dos motivos que deram início aos protestos foi a crise econômica —a inflação subiu para 70% nos últimos anos. O país perdeu importantes receitas com petróleo após a independência do Sudão do Sul, conquistada em plebiscito em 2011. O estopim das manifestações foi o aumento do preço do pão, cujos subsídios haviam sido cortados pelo governo.
Recaem sobre Bashir acusações de massacres e estupros coletivos cometidos pelo Exército em Darfur, na região sudoeste, em um conflito que já deixou mais de 300 mil mortos (a maioria não árabe) desde 2003.
Ele é considerado foragido pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia (Holanda), responsável por julgar crimes contra a humanidade.
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