Líderes de extrema direita se reúnem na Itália pela conquista da Europa

Matteo Salvini e Marine Le Pen se reuniram para criar aliança para buscar maioria do Parlamento Europeu

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AFP

Milhares de "patriotas" e simpatizantes de partidos nacionalistas e anti-imigrantes, liderados pelo político italiano Matteo Salvini, a francesa Marine Le Pen e o holandês Geer Wilder, reuniram-se neste sábado (18) em Milão, na Itália, para fortalecer seus laços com as eleições do Parlamento Europeu.

"Não se trata de extrema direita, trata-se de ter bom senso. São os extremistas que governam a Europa nos últimos 20 anos", exclamou Salvini de um palco instalado na praça do Duomo, a catedral milanesa.

A festa do partido europeu de direita foi prejudicada pela renúncia, neste sábado (18), do vice-ministro austríaco Heinz-Christian Strache, por suspeita de corrupção após a divulgação de um vídeo com oligarcas russos, o que comprometeu sua imagem.

Da esq. para a dir., o holandês Geert Wilders, o italiano Matteo Salvini e a francesa Marine Le Pen
Da esq. para a dir., o holandês Geert Wilders, o italiano Matteo Salvini e a francesa Marine Le Pen - Miguel Medina/AFP

Uma semana antes das eleições europeias, Salvini e sua principal aliada, a francesa Marine Le Pen, líder da Associação Nacional (AN), estão tentando construir uma aliança de direita para se tornar a principal força política do Parlamento Europeu.

"Não queremos que essa União Europeia (UE) que alimenta uma globalização selvagem, sem regras, faça os escravos trabalharem para vender mercadorias aos desempregados", afirmou a líder francesa durante o evento, que teve a participação das delegações de Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Estônia, Finlândia, França, Holanda e República Tcheca.

Bandeiras azuis, faixas com o lema "Itália primeiro" e centenas de fotos de Salvini com "Gracias Matteo" se destacaram. "Não aos burocratas, às barcaças dos migrantes e aos simpatizantes", disse outro.

A internacional ultraconservadora está, no entanto, muito dividida, porque entre suas formações existem divergências sobre questões como orçamento ou a distribuição dos migrantes na UE.

O principal objetivo é assegurar que o grupo da Europa das Nações e das Liberdades (ENL) se torne a terceira força do Parlamento Europeu, contando com a Liga, a AN, o Partido Austríaco da Liberdade (FPÖ) e o flamenco Vlaams Belang para, assim, superar os liberais e a política dominante da UE.

Salvini, vice-primeiro-ministro e ministro do Interior da Itália, multiplicou seus comícios eleitorais nas últimas semanas e está constantemente pedindo a seus eleitores que se mobilizem.

Milhares de partidários viajaram para a capital financeira da Itália, incluindo 50 ônibus de Turim, para ouvir Salvini, Le Pen e Wilders, líder do Partido da Liberdade Holandesa (PVV).

"Basta o islamismo", gritou repetidamente o líder holandês, famoso por suas posições xenofóbicas.

O jornal italiano La Repubblica estima que Salvini poderia obter um bom resultado nas eleições, mas reconhece que há muitas dúvidas sobre sua liderança no Parlamento Europeu, uma vez que considera "irrealizável" uma aliança internacional de várias formações soberanistas.

"Os primeiros a fechar a porta a Salvini foram precisamente aqueles que a Liga considera seus interlocutores: a direita austríaca, bávara e finlandesa", lembra o jornal.

As diferenças, na verdade, são muitas. Pesa o relacionamento com a Rússia, já que tanto Le Pen quanto Salvini são considerados próximos a Moscou, enquanto os partidos nacionalistas dos antigos países comunistas são contrários a essa ideia.

Para Sven Giegold, que lidera a lista d'Os Verdes na Alemanha, uma aliança entre Salvini e Meuthen, líder da Alternative for Germany (AfD), que confirmou sua presença em Milão, é "totalmente impossível".

"Salvini quer a redistribuição de refugiados na Europa, Meuthen não quer receber nenhum e não quer dar dinheiro ao sul da Europa", disse Giegold.

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