Mais de 300 são presos em protestos no Dia do Trabalhador em Paris

Polícia entra em confronto com 'coletes amarelos' e 'black blocs'; há manifestações também na Rússia e na Turquia

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Paris | AFP e Reuters

As manifestações de 1º de Maio em Paris, geralmente pacíficas e dedicadas a reivindicações salariais, acontecem nesta quarta-feira sob tensão, após confrontos entre militantes radicais e a polícia.

As mobilizações somaram 310 mil pessoas (segundo os sindicatos) ou 164 mil (de acordo com a polícia) em todo o país. 

Em Paris, foram cerca de 40 mil (segundo contagem independente de um coletivo de meios de comunicação) ou 16 mil (segundo o Ministério do Interior). Ao menos 380 foram detidas e 38 ficaram feridas, entre elas 14 policiais. 

A polícia recorreu ao gás lacrimogêneo para dispersar centenas de “black blocs”, militantes anticapitalistas e antifascistas vestidos de preto e com o rosto coberto. Um manifestante foi ferido na cabeça.

Os protestos acontecem dias após o presidente Emmanuel Macron anunciar cortes de impostos na ordem de 5 bilhões de euros.​​

Os enfrentamentos começaram às 11h (8h de Brasília), perto do restaurante La Rotonde, no sudoeste da cidade, que foi protegido com tapumes.

Mais de 7.400 policiais foram mobilizados. Drones também foram usados para monitorar a situação, segundo o ministro do Interior, Christophe Castaner. 

Desde a madrugada, diversos policiais começaram a revistar pessoas aleatoriamente nas proximidades da estação de Saint-Lazare, no centro de Paris.

A CGT, um dos principais sindicatos franceses, afirmou que seu secretário-geral, Philippe Martinez, foi atingido por gás lacrimogêneo. “Esse cenário atual, escandaloso e sem precedentes, é inaceitável em nossa democracia”, afirmou em nota.

O departamento de polícia de Paris negou ter usado força excessiva.

Macron determinou na terça (30) que a resposta aos “black blocs” fosse “extremamente firme” em caso de violência, após as chamadas nas redes sociais para transformar Paris na “capital dos distúrbios”. 

Manifestações recentes registraram lojas vandalizadas e incendiadas, além de veículos queimados.

Embora estivessem previstos protestos em toda a França, a atenção esteve voltada para a capital, frequente palco dos atos dos “coletes amarelos”. 

Esse movimento desde meados de novembro tem saído às ruas todos os sábados para protestar contra a política fiscal e social do governo.

Prisões também na Rússia e na Turquia

Na Rússia, ao menos 124 foram detidos durante manifestação contra o Kremlin por ocasião do Dia dos Trabalhadores, de acordo com o grupo defensor de direitos humanos OVD-Info.

Em São Petersburgo, cerca de 2.000 pessoas, incluindo partidários do líder opositor Alexei Navalny, comunistas e membros do partido governista, reuniram-se para participar de protestos.

Os manifestantes exibiam cartazes com retratos do presidente russo, Vladimir Putin, e gritavam "Putin é um ladrão" em meio a uma forte presença policial. As marchas ocorrem em um momento em que a aprovação de Putin, reeleito no ano passado, caiu de 90% para 60%.

A polícia de Istambul, na Turquia, disse que deteve 137 pessoas por tentarem protestar ilegalmente em várias partes. Marchas de 1º de Maio foram banidas na cidade.

A praça Taksim, na região central, tradicional ponto de manifestações na data desde a década de 1970, foi isolada com cordões, mas os manifestantes se reuniram no local mesmo assim. Mais cedo, as autoridades haviam permitido uma cerimônia de líderes trabalhistas na praça. 

 
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