Descrição de chapéu Venezuela

Manifestante atropelado por blindado na Venezuela sobrevive sem sofrer ferimentos graves

Após quebrar tornozelo e tomar 7 pontos na cabeça, Luis Alejandro diz que voltaria a protestos com 'mesma convicção'

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Shaylim Valderrama
Caracas

Um jovem manifestante, com os braços estendidos e a cabeça completamente atirada para trás, é atingido por um veículo da Guarda Nacional venezuelana e puxado para baixo.

Luis Alejandro participava de um protesto em frente à base aérea de La Carlota, em Caracas, após o líder da oposição, Juan Guaidó, pedir aos venezuelanos que apoiassem a "fase final" de seu esforço para depor o ditador Nicolas Maduro do poder.

Uma série de fotografias da agência de notícias Reuters mostra o gerente de negócios de 26 anos sendo atropelado pelo veículo blindado VN-4, de fabricação chinesa, conhecido como "Rinoceronte". 

O manifestante, no entanto, passou pelo episódio ocorrido na terça-feira (30) sem sofrer ferimentos graves.

O manifestante Luis Alejandro, 26, é atropelado por veículo blindado da Guarda Nacional venezuelana
O manifestante Luis Alejandro, 26, é atropelado por veículo blindado da Guarda Nacional venezuelana - Uslei Marcelino - 30.abr.19/Reuters

Luis Alejandro foi um dos milhares de ativistas que foram à base aérea, ao longo de uma importante via pública em Caracas, na terça.

A multidão se reuniu depois que Guaidó, cercado por um pequeno contingente de soldados armados, apareceu em um vídeo pela manhã do lado de fora da base aérea.

O oposicionista, que lidera a Assembleia Nacional, é reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, entre eles os Estados Unidos e o Brasil.

Mas Maduro, cujos apoiadores incluem Rússia, China e Cuba, mantém o apoio dos militares. Quando violentos confrontos ocorreram fora de La Carlota, na terça-feira, o rapaz atropelado pelo blindado se tornou um poderoso símbolo do porquê disso.

"Temos que manter a pressão. Guaidó tem que sair na frente", disse Luis Alejandro, que pediu para não dar seu nome completo por medo de represálias, na quinta-feira (2).

Com um tornozelo quebrado e outros ferimentos, ele foi entrevistado na casa que divide com os pais em uma confortável região de classe média do lado leste da capital.

Durante a conversa, ele disse que não estava esperando problemas quando foi para La Carlota, onde a multidão se multiplicou aos milhares antes de as tropas da Guarda Nacional leais a Maduro se mobilizarem para dispersá-los.

Mas, quando soldados montados em motocicletas começaram a disparar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, Luis Alejandro, em vez de fugir como muitos dos apoiadores de Guaidó, ficou com um grupo menor de manifestantes mascarados.

Alguns estavam armados com pedras, coquetéis Molotov e outros objetos pesados. 

A Guarda Nacional venezuelana e o Ministério da Informação, que recebe perguntas dos repórteres ao governo, não responderam aos pedidos de comentários sobre os confrontos fora de La Carlota. Maduro chamou Guaidó de fantoche dos EUA tentando um golpe.

Qualquer um poderia ter dado como certa a morte do manifestante ensanguentado após ele ter sido atingido pelo blindado, afirma Ueslei Marcelino, fotógrafo da Reuters que registrou o momento. Mas além do tornozelo quebrado e uma ferida na cabeça que exigiu sete pontos, seus ferimentos limitaram-se a escoriações severas por ter sido arrastado por um breve trecho da rodovia.

Ainda há muitas incógnitas sobre a situação no país sul-americano. Mas Luis Alejandro não expressou dúvidas de que faria o que fosse preciso para apoiar Guaidó, uma vez que ele volte a se levantar.

"Eu sairia novamente com a mesma convicção", disse ele sobre a perspectiva de se juntar a mais protestos de rua. "Temos que manter a luta."

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