Novo presidente ucraniano dissolve Parlamento e antecipa eleições

Pleito, antes marcado para outubro, deve ocorrer em julho; Volodimir Zelenski tomou posse nesta segunda

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Kiev | AFP e Reuters

O novo presidente da Ucrânia, o humorista Volodimir Zelenski, tomou posse nesta segunda-feira (20) e como primeira medida anunciou a dissolução do Parlamento, antecipando para o final de julho as eleições legislativas que estavam marcadas para outubro.

A medida é uma tentativa do presidente para aumentar seu apoio na Casa, já que seu partido, Servo do Povo, atualmente não tem deputados eleitos.

O novo presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, durante seu discurso de posse no Parlamento nesta segunda (20)
O novo presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, durante seu discurso de posse no Parlamento nesta segunda (20) - Vladyslav Musiienko/Ukrainian Governmental Press Service/Reuters

Há dúvidas se Zelenski tem de fato poderes para dissolver o Parlamento, mas a maior parte dos partidos disse à agência Reuters que não irá se opor à medida. A decisão fez o atual primeiro-ministro, Volodimir Groisman, anunciar que deixará o cargo a partir desta quarta (22).

Segundo pesquisas realizadas no fim de abril, dias antes da eleição de Zelenski, sua sigla venceria uma eleição parlamentar com 25% dos votos.

Atualmente, o bloco de apoio do ex-presidente Petro Porochenko, derrotado pelo humorista, é a maior força da casa.

As pesquisas apontam que o grupo cairia para terceiro lugar, com 14% dos votos, atrás também do bloco de oposição —que reúne políticos associados a uma atitude menos hostil ao presidente russo Vladimir Putin e que alcançaria 15%.    

A relação entre Kiev e Moscou foi um dos principais temas na eleição presidencial, e Zelenski disse em seu discurso de posse que sua prioridade é interromper o conflito no leste do país.

​"Nossa primeira tarefa é conseguir um cessar-fogo em Donbass", disse, usando o nome pelo qual a região é conhecida.

Desde 2014, o local vive uma guerra civil que já deixou mais de 13 mil mortos e que opõe grupos separatistas pró-Rússia e forças de segurança ucranianas

A disputa começou após uma onda de protestos nas ruas derrubar o governo alinhado com Moscou e impulsionar a vitória de Porochenko, com um discurso pró-Ocidente. Em represália, a Rússia passou a fomentar os separatistas e anexou o até então território ucraniano da Crimeia, de maioria russa

Durante a campanha, Zelenski prometeu manter o posicionamento a favor do Ocidente, e há dúvidas de como será sua relação com Putin. 

O novo mandatário nunca ocupou cargos públicos e ficou conhecido por interpretar na TV um professor de história que se torna presidente graças a um discurso contra a corrupção —o programa tem o mesmo nome de seu partido, Servo do Povo.  

No discurso nesta segunda, Zelenski fez referência a seu passado como ator ao assumir o cargo. "Durante toda a minha vida, fiz de tudo para fazer os ucranianos sorrirem. Nos próximos cinco anos, farei de tudo para que os ucranianos não chorem."

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