Prefeito de Istambul disputará cargo novamente após eleição ser anulada

Político de partido opositor a Erdogan teve mandato cassado; votação será repetida

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Ancara | Reuters

Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul que teve o mandato cassado após a anulação das eleições municipais na segunda-feira (6), vai concorrer novamente ao cargo na nova disputa marcada para o próximo mês, anunciou seu partido nesta terça (7).

Imamoglu, do Partido Popular Republicano (CHP), venceu o candidato do presidente Recep Tayyip Erdogan na eleição de 31 de março por uma margem de 13 mil votos na maior cidade do país. Erdogan declarou, então, que com uma margem tão estreita “ninguém tem o direito de dizer que ganhou”.

Ekrem Imamoglu, do CHP, fala a simpatizantes após anúncio de que eleição será repetida
Ekrem Imamoglu, do CHP, fala a simpatizantes após anúncio de que eleição será repetida - Murad Sezer-6.mai.19/Reuters

Após duas semanas de recontagem de votos, Imamoglu assumiu o cargo em 17 de abril. A decisão de cassar seu mandato e repetir as eleições foi tomada na segunda-feira pelo Alto Comitê Eleitoral da Turquia (YSK), atendendo a um recurso do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco), de Erdogan, que cita supostas irregularidades.

Eles argumentam que documentos com os resultados não foram assinados e que alguns mesários não eram funcionários públicos.

Erdogan considerou a anulação "o melhor passo" para "fortalecer nossa determinação de resolver problemas dentro da estrutura da democracia e da lei".

Já o CHP condenou a decisão e denunciou um "golpe contra as urnas", afirmando que a Turquia está mergulhando em uma "ditadura".

Em um discurso no Parlamento nesta terça, o líder do partido, Kemal Kilicdaroglu, disse que acredita que Imamoglu sairá vitorioso da nova eleição de 23 de junho e acrescentou que a comissão eleitoral está “destruindo leis, o judiciário e a Justiça”.

Na noite de segunda, Imamoglu declarou a simpatizantes no centro de Istambul: "Aqueles que tomam as decisões neste país podem estar (cometendo...) traição, mas nunca nos renderemos, manteremos a esperança".

Nesta terça, ele está reunido com líderes da oposição para definir sua estratégia. Partidos menores deram sinais de que vão apoiar o CHP, em protesto contra a anulação do pleito.  

O AKP perdeu o controle de Istambul após 25 anos no poder —um grande revés para Erdogan, que declarou em várias ocasiões que "quem ganha em Istambul, ganha na Turquia". O partido também perdeu a votação municipal na capital, Ancara.

Erdogan governou o país nos últimos 15 anos com uma mão cada vez mais pesada, cerceando a imprensa e seus opositores. Depois de uma tentativa frustrada de golpe em julho de 2016, ele promoveu um extenso expurgo em que mais de 140 mil pessoas foram detidas.

O departamento de Estado americano pediu a todos os envolvidos no pleito que “respeitem plenamente um processo eleitoral livre, justo e transparente para que a vontade dos eleitores se reflita no resultado”. 

A Alemanha, que tem fortes laços com o país por causa da grande comunidade turca que vive em seu território, lamentou a decisão “não transparente e incompreensível” do comitê eleitoral. A França, por sua vez, pediu investigações sobre as alegadas irregularidades. 

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