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Realização de novas eleições demonstra peso do extremismo religioso em Israel

Para fechar o teatro do absurdo, tudo indica que próximo pleito apresentará resultados similares aos de abril

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São Paulo

Magros 50 dias depois de uma eleição, o Knesset (Parlamento israelense) dissolveu-se e, em consequência, haverá uma nova votação (em setembro).

Já é uma situação inédita (e insólita) a de haver duas votações no mesmo ano. Mas torna-se surrealista quando se sabe o motivo que impediu o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de formar uma coligação com maioria suficiente para governar (ao menos 61 dos 120 deputados).

Israel está à espera de um plano de paz entre israelenses e palestinos que o genro do presidente Donald Trump, Jared Kushner, deve apresentar em breve.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, discursa no Knesset
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, discursa no Knesset - Ronen Zvulun/Reuters

Foram divergências em torno desse plano que motivaram o colapso do Knesset recém-eleito? Não.

Há intensa movimentação em torno do programa nuclear do Irã, país que Israel vê como uma ameaça existencial.

Os deputados divergiram sobre qual política a seguir nesse xadrez, impedindo configurar uma coalizão? Também não.

Israel é um país que, tecnicamente, ainda está em guerra com dois de seus quatro vizinhos (Líbano e Síria).

Havia propostas conflitantes entre os deputados sobre como lidar com essa situação, sempre desagradável? Não.

O que levou ao colapso das negociações para formar governo foi uma discordância sobre o serviço militar para os estudantes das yeshivas (as escolas de formação judaicas) entre um partido de extrema-direita, mas laico, e um partido de extrema-direita, mas religioso.

Paralisar o governo por essa questão —que só existe em Israel— demonstra o peso do extremismo religioso no país, apesar de os haredi, os tementes a Deus, serem apenas 11% da população.

E, para fechar o teatro do absurdo, a lógica mais elementar indica que a nova eleição dificilmente apresentará resultados muito diferentes dos que emergiram das urnas de abril: fragmentação dos partidos (11 estão representados no Knesset, apenas dois com deputados na casa dos dois dígitos), predomínio da direita e da extrema-direita.

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