Ataques entre Israel e a faixa de Gaza matam mais de 30

Foi a maior escalada de violência entre os dois lados desde novembro; cessar-fogo começa na segunda (6)

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Gaza e Jerusalém | AFP e Reuters

A maior escalada de violência entre Israel e a faixa de Gaza desde novembro deixou mais de três dezenas de mortos neste fim de semana. A agência Reuters noticiou que um cessar-fogo mediado por Israel começa na segunda (6).

Desde sexta (3), mais de 600 foguetes foram disparados do território palestino em direção ao israelense, segundo o exército de Israel.

O país revidou com bombardeios —mais de 260 alvos pertencentes a grupos militantes de Gaza foram atacados.

Segundo a agência Reuters, 27 palestinos na faixa de Gaza foram mortos, dos quais 14 civis. Do lado israelense, teriam sido quatro vítimas fatais.

Já o jornal israelense Haaretz também noticiou quatro mortos em Israel, mas 23 em Gaza. Não há confirmação oficial do número de vítimas.

Prédio destruído por bombardeio na cidade palestina de Gaza
Prédio destruído por bombardeio na cidade palestina de Gaza - Mahmud Hams/AFP

De acordo com informações da agência Reuters, oficiais palestinos disseram que um acordo de cessar-fogo intermediado pelo Egito foi alcançado com Israel e começa na segunda (6). A informação também foi veiculada em uma TV pertencente ao grupo Hamas, que controla Gaza.

No domingo (5), o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ordenou que as Forças Armadas do país continuassem o bombardeio contra alvos do movimento radical Hamas, que controla a faixa de Gaza.

"Instruí o exército a continuar seus ataques em massa contra elementos terroristas da faixa de Gaza, e ordenei reforços com tanques, artilharia e tropas", disse Netanyahu no começo de uma reunião semanal de ministros.

Os palestinos dispararam contra locais no sul e no centro de Israel. Ao menos 150 mísseis foram interceptados pela defesa antiaérea do país, e grande parte caiu em zonas desabitadas.

Um foguete que atingiu uma casa em Ashkelon, no sul, matou um homem de 58 anos, identificado pela polícia como Moshe Agadi. Esta foi a primeira morte civil israelense desde 2014

Local atingido por foguete palestino na cidade de israelense de Ashdod
Local atingido por foguete palestino na cidade de israelense de Ashdod - Ahmad Gharabli/AFP

Hamed Ahmed Al-Khodary, um dos comandantes do Hamas, foi morto por um ataque israelense. Os militares de Israel disseram que ele era responsável pela transferência de fundos do Irã para facções armadas em Gaza. O Hamas confirmou o óbito.

No final do domingo (5), o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, divulgou comunicado dizendo que o grupo não estava em busca de um conflito maior e ofereceu a possibilidade de um cessar fogo, embora sirenes alertando para foguetes continuassem a soar nas cidades israelenses durante a noite.

Como resultado dos conflitos, Israel interrompeu o fornecimento de seu principal campo de gás natural. A plataforma de produção offshore do campo de Tamar está ao alcance de foguetes palestinos. Israel também suspendeu as importações de combustível em Gaza através da passagem principal de Kerem Shalom.

O aumento da tensão entre os dois lados começou na sexta-feira (3), quando militantes palestinos feriram dois soldados israelenses próximos da fronteira, o que fez Israel realizar um primeiro ataque contra a faixa de Gaza.

A escalada de violência pôs fim ao cessar-fogo temporário que vigorava na região, e a comunidade internacional condenou os ataques.

Em Bruxelas, a União Europeia pediu o "cessar imediato" dos disparos. Já o enviado da ONU encarregado do conflito israelense-palestino, Nickolay Mladenov, pediu "a todas as partes que acalmem a situação e retornem ao entendimento dos últimos meses".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos dois lados que "exercitem a máxima contenção".

Por sua vez, os Estados Unidos disseram que apoiam o "direito" de Israel à "legítima defesa". O presidente Donald Trump escreveu em uma rede social, se dirigindo ao povo de Gaza: "Estes ataques terroristas contra Israel não trarão nada para vocês além de mais miséria."  

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro disse que repudia, "com veemência, o lançamento de centenas de foguetes desde a faixa de Gaza contra território israelense". 

A Turquia falou de "agressividade sem limites".

 

O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, afirmou que as forças israelenses atacaram um prédio em Gaza onde estão localizados os escritórios da agência de notícias estatal Anadolu.

Segundo a Anadolu, a equipe de funcionários da agência deixou o prédio pouco antes do ataque, que foi precedido por uma advertência.

Devido aos conflitos, Israel anunciou no sábado o fechamento dos pontos de passagem da fronteira de Gaza e também o fechamento das áreas de pesca na costa do território.

O aumento dos conflitos acontece pouco antes do mês sagrado para os islâmicos, o Ramadã, que começa nesta segunda (6), e do feriado da independência de Israel, que se estende de quarta-feira (8) a quinta (9).

Em duas semanas, Israel também sediará o concurso de música pop Eurovision em Tel Aviv, cidade alvo de um ataque com foguetes de Gaza em março.

Desde 2008, a faixa de Gaza viu três confrontos de larga escala entre o Hamas e Israel. O temor é que a troca de ataques atual leve a um novo conflito.

No final de março, sob os auspícios do Egito e da ONU, um cessar-fogo foi negociado, embora oficialmente Israel nunca tenha confirmado a medida. Isso permitiu manter relativa calma durante as eleições legislativas israelenses de 9 de abril.

Mas na terça-feira (30), Israel reduziu a zona de pesca autorizada na costa de Gaza depois que militantes palestinos lançaram um foguete em seu território. O foguete caiu no Mediterrâneo. O exército israelense acusou a Jihad Islâmica, um grupo aliado do Hamas.

Dois dias mais tarde, na quinta (2), uma delegação do Hamas encabeçada por seu líder em Gaza, Yahya Sinwar, foi para o Cairo discutir com autoridades egípcias meios de preservar a trégua.

Cerca de dois milhões de palestinos vivem na faixa de Gaza, cuja economia sofreu anos de bloqueios israelenses.

Israel diz que a sanção é necessária para impedir que armas cheguem ao Hamas, que controla Gaza desde 2007.

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