Descrição de chapéu Governo Trump

Trump ameaça impor tarifas contra México por imigração ilegal

Taxação seria de 5% e aumentaria progressivamente, a partir de 10 de junho

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Washington e Cidade do México | AFP e Reuters

O presidente Donald Trump anunciou nesta quinta-feira (30) a adoção de tarifas progressivas contra o México, a partir de 10 de junho, até que o país vizinho detenha o fluxo de imigrantes ilegais que entram nos EUA pela fronteira sul.

A decisão do presidente americano foi vista como um aumento expressivo da pressão sobre o vizinho —a relação entre os dois países tem sido tensa desde que Trump assumiu a Presidência.

O republicano adotou forte posição contra a imigração na fronteira sul —plataforma que inclui cumprir sua promessa de campanha de construir um muro, que seria pago pelo México.

"Em 10 de junho, os Estados Unidos aplicarão uma tarifa de 5% a todos os bens procedentes do México, até o momento em que os imigrantes ilegais parem de atravessar para o nosso país", afirmou Trump em uma rede social.

Foto divulgada pela imigração americana mostra grupo de imigrantes apreendidos na fronteira entre o México e os EUA, em El Paso - Edward Butron El Paso Sector / US Customs and Border Protection / AFP

"As tarifas aumentarão gradualmente até que se resolva o problema da imigração ilegal", acrescentou.

“Se a crise for aliviada por meio de medidas efetivas adotadas pelo México —avaliação que será feita discricionariamente por nós—, as tarifas serão eliminadas”.

O vice-chanceler mexicano, Jesús Seade, disse que seria desastroso se a medida fosse de fato aplicada. Ele afirmou que, se Trump a levasse a cabo, o México provavelmente adotaria tarifas similares em retaliação, apesar de isso criar uma guerra comercial.

O anúncio ocorreu um dia após o primeiro pronunciamento do procurador Robert Mueller, responsável pela investigação sobre a influência russa nas eleições de 2016 e a suposta prática de obstrução da Justiça pelo presidente. 

Mueller contrariou a versão oficial da Casa Branca de que seu relatório sobre o inquérito teria isentado o presidente, e deixou aberta a possibilidade de o Congresso dar início a um processo de impeachment fundado nas evidências de obstrução da Justiça por Trump coletadas por sua equipe.

No ano passado, caravanas de milhares de pessoas percorreram longas distâncias a pé até a fronteira mexicana, que funciona como porta de entrada para imigrantes vindos de toda a América Latina. 

O governo americano afirma que cerca de 80 mil pessoas estão detidas atualmente por atravessarem a fronteira, e que, em média, 4.500 chegam todos os dias, sobrecarregando os agentes de imigração.

Um oficial sênior da Casa Branca disse que Trump ficou especialmente preocupado com a detenção de um grupo de 1.036 imigrantes que cruzaram a fronteira na quarta-feira (29) —o maior desde outubro de 2018. 

Segundo o presidente americano, o México tem uma rígida legislação migratória, e poderia facilmente impedir a passagem ilegal de migrantes, inclusive enviando-os de volta aos seus países de origem.

Um dos principais temas da campanha do republicano à Presidência foi o combate à imigração ilegal. No entanto, nos últimos meses, o número de pessoas que entraram ilegalmente nos EUA aumentou.

O governo de Trump tem adotado várias medidas para desencorajar a migração para os EUA. Em 2018, instituiu uma política de tolerância zero que permitia a separação de crianças e pais que entravam ilegalmente no país.

Pela legislação, os pais poderiam ser detidos, mas não as crianças, que eram então encaminhadas para centros de acolhida.

Na prática, elas ficavam detidas até que seus pais fossem libertados ou um parente que vivesse nos EUA se responsabilizasse por sua guarda. Muitos dos abrigos eram improvisados e tinham condições precárias.

Cerca de 3.000 crianças e adolescentes foram separados de suas famílias à época.

Em junho daquele ano, a Justiça determinou que o governo abandonasse a prática e devolvesse as crianças aos pais. ONGs que advogam pelos direitos dos imigrantes relataram casos de menores que ficaram traumatizados pela experiência. 

Houve ainda centenas de pais que foram deportados sem os seus filhos por erro das autoridades de imigração.

Desde dezembro, cinco crianças morreram sob a custódia das autoridades de imigração americanas.

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