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Venezuela coloca Guarda Nacional para impor racionamento de gasolina

Motoristas dizem ficar dias em filas de postos e protestam; Caracas sofre menos impacto

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Caracas, Maracaibo, Punto Fijo e San Cristóbal | Reuters

A ditadura Nicolás Maduro colocou soldados da Guarda Nacional Bolivariana para impor o racionamento de gasolina em postos de combustíveis em várias partes da Venezuela neste domingo (19). O aumento da escassez fez com que motoristas tivessem de esperar dias em filas para abastecer, gerando protestos em várias cidades.

A escassez piorou depois que os EUA aumentaram as sanções contra a estatal petrolífera venezuelana, a PDVSA, em janeiro, fazendo com que a exportação de petróleo e a importação de combustíveis sofressem cortes. 

 

Na cidade de San Cristóbal, próxima à fronteira com a Colômbia, soldados da Guarda Nacional com equipamentos antimotim limitaram as vendas de gasolina a 40 litros por veículos —o equivalente a um tanque cheio de um carro popular.

Em protesto, motoristas bloquearam as ruas com barreiras de metal, lixo e galhos de árvores em partes da cidade. Em alguns postos, motoristas disseram que estavam esperando na fila havia dias.

"Como pode um país funcionar assim?", perguntou Antonio Tamariz, 58, que esperava para abastecer seu caminhão. "Ninguém explicou por que há tantas filas. Acho que o governo está perdendo o controle."

"Estou fazendo fila desde ontem [sexta]; tenho companheiros que estão há dois dias", afirmou o professor Edwin Contreras, 36.

O ministro do Petróleo, Manuel Quevedo, disse que a indústria petrolífera do país está sob cerco americano, provocando problemas de fornecimento.

Nas cidade de Puerto Ordáz, um polo industrial, e Punto Fijo, próxima à principal refinaria do país, soldados tiveram ordem para liberar 40 litros e 30 litros de combustível, respectivamente.

Em Maracaibo, onde os cortes de energia e a falta de combustível têm sido severos nos últimos meses, os soldados liberaram apenas 20 litros para cada veículo.

"Eles tomaram controle das bombas", afirmou Rocio Huerta, gerente de um posto na cidade. "A cada cinco horas há inspeções da Divisão da Inteligência Militar para medir quanto resta de gasolina." 

O taxista Victor Chourio, 58, disse que chegou ao ponto na manhã de sábado (18) e saiu 12 horas depois, sem combustível.

"Às 14h um soldado disse que haveria só 20 litros por veículo, mas às 19h a gasolina acabou", disse.

Em Caracas há menos sinais de falta de gasolina, já que o governo decidiu priorizar os postos da capital.

Na última quarta-feira, a refinaria de Cardon suspendeu as atividades devido a danos em algumas de suas estruturas, afirmaram funcionários. Isso deixou apenas duas refinarias funcionando no país. 

Documentos internos da PDVSA indicam que o país não importa gasolina desde o dia 31 de março.

Em nota, a PDVSA disse que tem o suficiente para garantir o suprimento de gasolina e denunciou boatos “com o objetivo de prejudicar a distribuição de gasolina e provocar pânico”. 

Com uma crise que levou o PIB a sofrer uma contração de 50% desde 2014, a produção petrolífera, fonte de 96% da renda do país, tem diminuído significativamente, afirmou o economista Jesús Casique.

Há uma década, a produção chegava a 3,2 milhões de barris por dia. Em abril, foi de 1,04 milhão, segundo a Opep. 

A crise levou a um "desinvestimento" e ao "abandono do parque do setor petrolífero", afirmou Casique. 

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