Depois de mais de três anos de silêncio nas estatísticas oficiais, o regime do ditador Nicolás Maduro divulgou nesta quarta-feira (29) que a inflação na Venezuela fechou 2018 em 130.060%, estimativa muito abaixo da medida por órgãos internacionais.
No mesmo período, o FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que a inflação no país tenha ficado em 1.370.000%, cerca de dez vezes o número divulgado pelo BCV (Banco Central Venezuelano). Em 2019, a previsão do fundo é que a alta chegue a 10.000.000%.
Segundo os novos dados oficiais, a inflação da Venezuela ficou em 274,4% em 2016 e 862,6% em 2017 —números próximos aos do FMI.
O BCV também reconheceu, pela primeira vez, que o país vive uma recessão e disse que o PIB venezuelano diminuiu 47% entre 2013 e 2018.
O órgão deixou de publicar dados oficiais sobre a economia do país a partir de 2016, com o acirramento da crise. Com isso, analistas passaram a recorrer as estatísticas fornecidas pelo FMI e pela Assembleia Nacional, de maioria oposicionista.
A crise econômica causou desabastecimento generalizado na Venezuela e fez mais de três milhões de pessoas deixarem o país, de acordo com a ONU.
Parte desse desabastecimento foi causado pela queda nas importações do país, que caíram de US$ 57 bilhões em 2013 para US$ 14 bilhões cinco anos depois.
O país vive, além disso, uma crise política entre o regime de Maduro e a oposição liderada por Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e que no início de 2018 se declarou presidente interino do país, sendo reconhecido por parte da comunidade internacional, incluindo Brasil e EUA.
Segundo os novos dados, as exportações de petróleo da Venezuela —fonte de 96% da renda do país— caíram de US$ 85 bilhões em 2013 para US$ 25 bilhões em 2018, sendo uma das maiores causas da crise.
Maduro já deu declarações em que reconhece que o país passa por dificuldades, mas afirma que os problemas são menores do que o relatado. Ele culpa ainda as sanções impostas por Washington pela crise.
Mas para Henkel García, diretor da consultoria Econométrica, os dados do BCV confirmam que a deterioração da economia começou muito antes das sanções americanas.
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