Ataque dos Estados Unidos levaria a 'destruição', diz Irã

Países vivem tensão desde que a república islâmica derrubou drone americano

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Teerã | AFP

O Irã advertiu neste sábado (22) os Estados Unidos que qualquer ataque contra seu território teria consequências devastadoras para os interesses americanos na região, depois que Donald Trump cancelou uma ofensiva contra a república islâmica.

"Atirar uma bala em direção ao Irã irá provocar a destruição dos interesses da América e de seus aliados" na região, declarou o general de brigada Abolfazl Shekarchi, porta-voz do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas iranianas em uma entrevista à agência Tasnim.

O presidente americano Donald Trump disse na sexta (21) ter cancelado no último minuto ataques contra o Irã para evitar um número alto de vítimas, mas manteve suas ameaças de represálias contra Teerã, que abateu um dia antes um drone dos Estados Unidos.

E neste sábado, Trump assegurou que se os iranianos desistirem de seu programa nuclear, ele se tornaria seu "melhor amigo".

"Não vamos deixar o Irã obter armas nucleares e, quando aceitarem isso, terão um país rico, ficarão muito felizes e eu serei seu melhor amigo. Espero que isso aconteça", afirmou  à imprensa nos jardins da Casa Branca.

"Mas se os líderes iranianos se comportarem mal, eles terão um dia muito ruim", acrescentou, antes de embarcar num voo para a residência presidencial de Camp David, onde discutirá a crise com autoridades.

Apesar de Estados Unidos e Irã repetirem que não querem uma guerra, a escalada e os vários incidentes no golfo levam ao temor de um confronto entre os países.

Trump reafirmou que não quer guerra com o Irã, mas garantiu que, se ela acontecesse, causaria "uma aniquilação como nunca vista antes".

Um drone americano - U.S. Air Force/Bobbi Zapka/Handout/Reuters

Já o general Shekarchi afirmou que "se o inimigo (...) cometer o erro" de atacar, "a América, seus interesses e os de seus aliados serão consumidos pelo fogo" que ele terá contribuído para acender.

Sobre o drone, o Irã alega ter "provas irrefutáveis" de que o aparelho entrou no seu espaço aéreo. Teerã escreveu ao secretário-geral e ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar uma ação "de provocação" e "muito perigosa" dos EUA.

Washington afirma que a aeronave foi atingida no espaço aéreo internacional e pediu a reunião na segunda-feira (24) do Conselho de Segurança da ONU.

Diante de escalada, as companhias aéreas KLM, Qantas, Singapore Airlines, Malaysia Airlines e Lufthansa acompanharam as empresas americanas e evitaram voar sobre o golfo de Omã e o estreito de Ormuz, um ponto de passagem estratégico para o fornecimento global de petróleo na região do golfo.

As tensões não pararam de aumentar desde a retirada americana, em maio de 2018, do acordo internacional sobre a energia nuclear do Irã, seguida pela reintrodução das sanções contra o Irã.

A situação piorou com ataques a petroleiros na região do golfo em maio e junho. Washington acusa Teerã pelas investidas; os iranianos negam.

No domingo (23), o ministro britânico encarregado do Oriente Médio, Andrew Murrison, visitará o Irã para discutir com as autoridades as tensões crescentes no golfo, anunciou neste sábado o ministério das Relações Exteriores.

Ele "vai pedir uma desescalada urgente desta crise". Também vai expressar a preocupação de Londres diante do "papel desempenhado por Teerã na região e sua ameaça de parar de respeitar o acordo nuclear", explicou a pasta.

Em paralelo, a agência de notícias Isna informou neste sábado que o Irã executou um "fornecedor do ministério da Defesa" condenado por espionar para a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA).

"Jalal Haji Zavar, um fornecedor da organização aeroespacial do ministério da Defesa que era espião para a CIA e para o governo americano, foi executado", informou, citando o Exército iraniano, sem dar mais detalhes sobre o data da execução.

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