Casa Branca é 'retardada mental', diz presidente do Irã

Governo iraniano promete abandonar mais compromissos do pacto nuclear até 7 de julho

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Teerã e São Paulo | AFP

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, chamou a Casa Branca de “retardada mental” nesta terça-feira (25), afirmando que as novas sanções anunciadas pelo americano Donald Trump contra o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, são um sinal de desespero. 

Também nesta terça, um secretário do governo iraniano afirmou que o país vai deixar de cumprir mais compromissos assumidos no acordo internacional sobre seu programa nuclear. 

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, em seu discurso na TV estatal
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, em seu discurso na TV estatal - AFP/HO/Presidência Iraniana

A tensão entre os países vem crescendo desde que Washington se retirou, no ano passado, de um acordo nuclear firmado com Teerã e outras potências em 2015. Nesta segunda-feira (24), Trump assinou uma ordem executiva com sanções econômicas contra Khamenei e outras autoridades.

Em um discurso transmitido pela televisão estatal, Rouhani disse que as novas sanções vão falhar porque Khamenei não possui nenhum ativo fora do país. “As ações da Casa Branca significam que é retardada mental”, afirmou. “A paciência estratégica de Teerã não significa que a gente tenha medo.”

Em resposta, Trump chamou o discurso de Rouhani de "ofensivo" e ameaçou revidar usando "grande e esmagadora força". 

"A declaração muito ignorante e ofensiva do Irã, dada hoje, só mostra que eles não entendem a realidade. Qualquer ataque do Irã a qualquer coisa americana será enfrentado com grande e esmagadora força. Em algumas áreas, esmagadora significará eliminação", escreveu, em uma publicação no Twitter.

Em 8 de maio, o Irã anunciou que deixou de respeitar dois compromissos do pacto nuclear e deu um ultimato de dois meses aos signatários europeus para ajudar a reverter as sanções impostas pelos EUA, ameaçando deixar de cumprir mais pontos do acordo.

Nesta terça, segundo a agência de notícias iraniana Fars, o secretário do Conselho Supremo Nacional de Segurança do país, Ali Shamkhani, afirmou que o Irã vai dar novos passos para reduzir mais compromissos a partir do dia 7 de julho.

Shamkhani disse que está "cansado da insolência" dos europeus e que eles não fizeram o suficiente para salvar o pacto. 

Em maio, quatro petroleiros da Arábia Saudita —aliada americana— foram atacados, e os EUA afirmaram que era provável que o Irã fosse o responsável. No início deste mês, dois navios petroleiros sofreram ataques no estreito de Hormuz. Os EUA culparam o Irã, que negou a autoria. 

Na quinta (20), o Irã abateu um drone espião americano que, segundo a versão do país, sobrevoava espaço aéreo internacional. Mas Teerã afirma que a aeronave estava em espaço aéreo iraniano. 

Em resposta, Trump chegou a ordenar ataques aéreos contra o Irã, mas mudou de ideia no último minuto ao ser informado de que 150 mortes poderiam ser causadas. Ele considerou a resposta desproporcional à derrubada do drone.

Em vez de um ataque convencional, o revide americano veio em forma de uma ofensiva cibernética que desabilitou sistemas computadorizados iranianos usados para controlar lançamentos de mísseis e foguetes. Contudo, o Irã considerou tais ataques um fracasso.

Os EUA afirmam não querer entrar em guerra. Trump disse estar aberto a conversas com líderes iranianos, mas Teerã rejeitou tal oferta a menos que Washington abandone as sanções.

​Trump erra nome de guia supremo

Donald Trump foi alvo de piadas dos internautas iranianos nesta terça-feira, depois de anunciar na véspera sanções financeiras contra o aiatolá Ruholla Khomeini, morto em 1989. 

"Os ativos do aiatolá Khomeini e de seu gabinete não ficarão de fora das sanções", afirmou Trump ao ler o texto que anunciava a assinatura de um decreto que impede ao "guia supremo (iraniano), sua equipe e outras pessoas de seu entorno mais próximo acesso a recursos financeiros essenciais". 

Problema: o guia supremo do Irã é o aiatolá Ali Khamenei, que assumiu a liderança da República Islâmica após a morte de seu fundador e primeiro guia, Khomeini, em 1989. 

"Trump não sabe que o aiatolá Khomeini está morto e que o aiatolá Khamenei dirige o Irã", escreveu Sara Massumi, do jornal reformista Etemad. 

Os usuários do Twitter não perderam a oportunidade.

"Khamenei disse uma vez 'Ronald' em vez de 'Donald'", tuitou @danialshaigan, ao recordar um lapso do guia supremo durante um discurso no qual mencionou o nome do presidente americano. "Trump teve sua revanche", completou. 

"Este Narciso (Trump) espera (que um morto) ligue para ele?", questionou de modo irônico @saeedIran, em referência a declarações de Trump de 9 de maio sobre o Irã: "Gostaria que me ligasse (...) estamos dispostos a conversar". 

@BahramAsadzadeh citou uma conspiração dentro do governo dos Estados Unidos contra Trump: "Fazem ele parecer um palhaço", escreveu, sobre o texto do americano. 

"Veja, ele está lendo em voz alta" e, ao mesmo tempo, outros "juntam evidências para provar que ele é insano", afirmam em outro tuíte.

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