Coalizão de Merkel perde força com renúncia de líder social-democrata

Saída de Andrea Nahles ocorre após fraco desempenho do partido nas eleições europeias

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Daphne Rousseau Holger Hansen Edward Taylor
Berlim e Frankfurt | AFP

A líder do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), Andrea Nahles, renunciou neste domingo (2), enfraquecendo a coalizão de governo da chanceler Angela Merkel, da qual o SPD é a sigla minoritária. Ela deve oficializar a renúncia na segunda (3).

Nahles se desliga da sigla de centro-esquerda após o fraco desempenho do partido nas eleições europeias —o SPD registrou seu mínimo histórico, ao receber apenas 15% dos votos, ficando atrás dos Verdes (20%). 

O partido cristão-democrata de Angela Merkel, CDU, também não obteve bom resultado no pleito para o Parlamento Europeu, demonstrando o afastamento de eleitores de partidos "mainstream".

Diante deste cenário, a coalizão de governo, que quase se desmantelou em 2018, perde força. 

Andrea Nahles, que renunciou neste domingo da liderança do SPD após o fraco desempenho do partido nas eleições europeias - John MacDougall / AFP

Nahles recebeu críticas pelo resultado da votação. "As discussões dentro da bancada parlamentar e as muitas reações do partido mostraram que não conto mais com o apoio necessário para exercer minhas funções", afirmou em um comunicado emitido pelo SPD. 

Desta maneira, a primeira mulher a liderar o partido atirou a toalha, dois dias antes de uma votação interna que decidiria seu destino. Ela também disse que renunciará ao cargo de deputada na terça (4).

Desde que assumiu o cargo, Nahles suportou críticas e perseguição de rivais dentro do próprio partido, que desejavam que o SPD abandonasse a coalizão de governo. A saída da deputada pode acelerar a decomposição do Executivo. 

Mas a chanceler Angela Merkel prometeu que seu mandato segue firme. "Quero dizer em nome do governo que continuaremos com nosso trabalho com toda seriedade e com grande responsabilidade", afirmou.

Muitas figuras do SPD defendem o fim da aliança formada com a CDU de Angela Merkel, o que poderia provocar eleições antecipadas e o fim prematuro do governo da chanceler, cujo mandato vai até 2021.

A chanceler alemã, Angela Merkel - Hannibal Hanschke/Reuters

Outras opções para a chanceler seriam liderar um governo de minoria ou procurar fazer uma aliança com os Verdes e os liberais do Democratas Livres. 

A renúncia de Nahles vem no momento em que o partido conservador de Merkel enfrenta dificuldades. Os Verdes superaram o CDU e se tornaram a sigla mais popular do país, de acordo com uma pesquisa de opinião divulgada no sábado (1). 

A líder do CDU e provável herdeira de Merkel, Annegret Kramp-Karrenbauer, conclamou ao SPD para que o partido garanta um governo estável e funcional. "Estou presumindo que o partido agirá rapidamente e que a habilidade de agir da coalizão não será prejudicada", afirmou. 

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