Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Após anunciar cancelamento, Bolsonaro encontra Macron e o convida a visitar Amazônia

Líder francês havia dito que não assinaria tratados comerciais com Brasil caso país deixasse Acordo de Paris

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Osaka

Quatro horas depois de o governo brasileiro ter anunciado o cancelamento de uma reunião bilateral entre Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente francês, Emmanuel Macron, os dois líderes se reuniram informalmente durante a cúpula do G20, em Osaka, no Japão.

De acordo com o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, a conversa se deu por volta de 15h do horário local (3h de Brasília) desta sexta-feira (28).

Eles falaram sobre questões climáticas, a fronteira entre Brasil e Guiana, comércio internacional e o acordo entre União Europeia e Mercosul.

Jair Bolsonaro, à esq., conversa com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Osaka, no Japão
Jair Bolsonaro, à esq., conversa com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Osaka, no Japão - Presidência da República/Divulgação

Rêgo Barros afirmou que Bolsonaro convidou o presidente francês para visitar a região amazônica no Brasil. E que ele reafirmou seu compromisso com o Acordo de Paris, que trata de medidas para conter mudanças climáticas.

A conversa se deu em meio a um vaivém de versões ao longo desta sexta, primeiro dia do G20.

Uma reunião bilateral com o francês estava marcada na agenda do brasileiro para as 14h25 do horário local (2h25 de Brasília), mas teve seu cancelamento anunciado por volta das 11h pela comitiva brasileira.

Num primeiro momento, Rêgo Barros disse à Folha que o Brasil havia recebido um pedido de cancelamento da agenda por parte dos franceses, que teriam proposto o encontro. Ele não soube informar os motivos que levaram Macron a desmarcar.

Mais tarde, em entrevista à imprensa, o porta-voz disse que o presidente francês havia proposto o encontro às 23h de quinta (27), o que foi rejeitado por Bolsonaro, que desembarcara horas antes no Japão.

No G20, a comitiva francesa relatou desconhecer a previsão de agenda formal entre Macron e Bolsonaro. Segundo eles, o que estava marcado era um encontro em tom de informalidade. 

Rêgo Barros disse que a agenda foi tratada pelas duas chancelarias e mostrou-se irritado com o volume de perguntas sobre a reunião. Ele pediu que os jornalistas fizessem outros questionamentos, afirmando que não responderia mais sobre a conversa com o francês.

O encontro entre os mandatários ocorreu em meio a críticas de líderes europeus à política ambiental brasileira. Macron disse em entrevista que não assinaria acordos comerciais com o Brasil caso o país deixasse o Acordo de Paris.

Já a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou na véspera do embarque para o G20 que estava preocupada com a situação ambiental brasileira e que queria ter uma "conversa clara" com Bolsonaro sobre a questão do desmatamento.

Ela e Bolsonaro se reuniram na tarde desta sexta (28), em Osaka, em encontro que não estava previsto nas agendas.

Líderes posam para foto da cúpula do G20 em Osaka, no Japão - Brendan Smialowski/AFP

De acordo com Rêgo Barros, que não soube dizer quais temas foram abordados entre eles, o clima da reunião foi "amistoso".

 

Ao desembarcar no Japão na quinta (27), o brasileiro deu uma resposta dura, ao afirmar que não aceitaria advertências de outros países ao ser questionado sobre a declaração da líder alemã.

"Eles [alemães] têm a aprender muito conosco. O presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores que vieram aqui para serem advertidos por outros países. Não, a situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como no passado, de alguns casos de chefes de estado que estiveram aqui", disse, sem citar a quem se referia.  

 

O presidente brasileiro também participou de uma reunião dos Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Após o encontro, o grupo divulgou uma nota dizendo que os países seguirão cumprindo o Acordo de Paris.

Bolsonaro se reuniu na sexta com o presidente americano Donald Trump e, no sábado, tem bilaterais previstas com outros cinco líderes: Xi Jinping (China), Shinzo Abe (Japão), Lee Hsien-Loong (Cingapura), Narendra Modi (Índia) e Mohammed bin Salman (Arábia Saudita).​

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