Em derrota para Trump, Senado rejeita venda de armas à Arábia Saudita

Presidente, que havia autorizado o negócio, ainda pode vetar decisão dos congressistas

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Washington | Reuters e AFP

O Senado dos EUA, de maioria republicana, aprovou nesta quinta-feira (20) uma resolução para bloquear uma venda de armas estimada em US$ 8,1 bilhões (R$ 31 bilhões) para a Arábia Saudita e outros aliados árabes. A decisão foi uma derrota para o presidente Donald Trump, que havia autorizado o negócio.

Por 53 votos a 45, incluindo sete senadores republicanos que se alinharam à oposição democrata, a Casa decidiu suspender 22 acordos de venda de aviões, munição e outros armamentos para Arábia Saudita, Emirados Árabes e Jordânia.

Agora, a Câmara, controlada pelos democratas, terá de sancionar as resoluções. Como o aval dos deputados é provável, espera-se que Trump use seu poder de veto. Nesse caso, o Congresso precisaria de uma maioria de dois terços para derrubar o veto presidencial.

A medida tomada pelos senadores foi vista como uma resposta a um expediente utilizado pela Casa Branca em maio para driblar o Legislativo. Na ocasião, o governo declarou o Irã, rival histórico dos sauditas, como "ameaça fundamental" aos EUA, o que permitiu ao Executivo dar aval à venda sem ter de consultar os congressistas.
 

Ao lado do príncipe Mohammad bin Salman, em encontro em março de 2018, Trump segura cartaz com equipamentos para venda à Arábia SauditaTrump - Mandel Ngan - 20.mar.18/AFP

Os senadores, inclusive alguns republicanos, afirmaram que isso não configurava uma causa legítima para se esquivar do crivo do Legislativo.

O republicano Lindsey Graham, fiel a Trump na maioria dos temas, foi um dos críticos à venda para os sauditas. Disse que a rejeição do Senado era um recado a Riad que, se não mudar suas recentes atitudes, não haverá espaço para uma relação estratégica.

"Não há quantidade de petróleo que possa produzir que faça a mim e a outros relevar o fato de esquartejar alguém em um consulado", disse Graham, em referência ao assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, crítico da monarquia de seu país, em outubro de 2018. Khashoggi foi morto dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul, e nesta semana a ONU afirmou ter evidências para responsabilizar pelo crime o príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman.

Em oposição à decisão tomada pelo Senado, o líder da maioria republicana na Casa, Mitch McConnell, afirmou que o "timing" da rejeição à venda não poderia ser pior, e que os senadores mandaram um "sinal errado" diante da notícia de que o Irã derrubou um drone americano.

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