A chefe executiva de Hong Kong, Carrie Lam, pediu oficialmente desculpas à população neste domingo (16) pela forma como seu governo tentou aprovar o projeto da lei de extradição para a China. A proposta gerou protestos que foram repreendidos com violência pela polícia de Hong Kong.
De acordo com o comunicado, Lam admite que as deficiências de seu governo levaram a conflitos e disputas que desapontaram e angustiaram a população. "A chefe executiva apresenta suas desculpas aos cidadãos e promete aceitar críticas com mais sinceridade e humildade", disse.
Milhares de pessoas vestidas de preto encheram as ruas de Hong Kong mais cedo neste domingo (16). Elas pediram a saída de Lam e pressionaram a líder para que a retirada do projeto de lei seja definitiva.
No sábado (15), Lam recuou e adiou indefinidamente o projeto, mas não se desculpou oficialmente. Ela disse lamentar e estar profundamente arrependida que "as deficiências de nosso trabalho e outros fatores tenham despertado controvérsias e conflitos substanciais na sociedade após o período relativamente calmo nos últimos dois anos".
Lam se referia às manifestações de terça (11), quando as forças armadas de segurança dispararam balas de borracha e gás lacrimogêneo para impedir que as pessoas entrassem no Parlamento local.
Os manifestantes também usaram guarda-chuvas, tanto para se proteger quanto em uma referência ao “Movimento dos Guarda-Chuvas”, mobilização que, em 2014, exigia que a eleição do chefe executivo de Hong Kong acontecesse por eleição direta. Pequim não deixou a alteração passar.
Ainda no sábado (15), a líder afirmou que o governo irá reativar a comunicação com a sociedade e ouvir diferentes opiniões.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da China disse apoiar a decisão de Hong Kong e a qualificou como tentativa de “escutar mais” as opiniões sobre o projeto de lei e de “reestabelecer a calma” no território.
O governo britânico parabenizou sua ex-colônia pela decisão. “Muito bem, governo de Hong Kong, por ter dado atenção aos bravos cidadãos que defenderam seus direitos humanos”, afirmou o chanceler britânico, Jeremy Hunt.
O texto da proposta da lei de extradição provocou críticas de países ocidentais, bem como o clamor de alguns em Hong Kong, que temem julgamentos politizados na China e afirmam acreditar que essa reforma prejudicará a imagem internacional e a atratividade do território semiautônomo.
Segundo o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, o presidente Donald Trump pretende falar sobre as manifestações com o dirigente chinês Xi Jinping durante a cúpula do G20 no final de junho, no Japão.
"O presidente é sempre um forte defensor dos direitos humanos", disse Pompeo ao canal americano Fox News. "Tenho certeza de que a questão será abordada", acrescentou.
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