Mais seis militares e policiais da Venezuela são presos

Detenções fazem parte da mais recente ofensiva de Maduro contra oposicionistas

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Reuters

Seis integrantes das forças militares e policiais da Venezuela foram presos durante o final de semana, de acordo com parentes dos detidos e ativistas de direitos humanos, em mais uma medida da ofensiva do ditador Nicolás Maduro contra opositores.  

Miguel Sisco Mora, general da Força Aérea, foi preso na tarde de sexta-feira (21) em um estacionamento em Guatire, a 40 quilômetros de Caracas, segundo relatou sua filha Stephanie Sisco. O capitão da Marinha Rafael Costa foi detido também na sexta-feira, em Guarenas, segundo sua mulher, Waleska Perez.

Ditador venezuelano, Nicolás Maduro, aperta a mão de Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para direitos humanos, que visitou o país na sexta-feira (21).
Ditador venezuelano, Nicolás Maduro, aperta a mão de Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para direitos humanos, que visitou o país na sexta-feira (21). - Yuri Cortez/AFP


“Exigimos que o governo nos dê informações sobre o paradeiro dele”, disse Stephanie Sisco no Twitter. 

As prisões ocorrem quase dois meses após a fracassada tentativa de retirada de Maduro, liderada pelo líder da oposição, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional. Em janeiro, Guaidó invocou a Constituição e se autoproclamou presidente interino do país, argumentando que a vitória de Maduro na eleição havia sido ilegítima. Ele conclamou as forças armadas a o apoiarem.

As prisões também vêm na esteira da visita de Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile que é atualmente a chefe do alto comissariado da ONU para direitos humanos. 

Na sexta, Bachelet exortou Maduro a libertar os prisioneiros que foram detidos após protestos pacíficos. Maduro afirmou que iria levar a sério as preocupações da ONU.

A ONG venezuelana de direitos humanos Foro Penal havia informado anteriormente que dois coronéis reformados da Força Aérea foram presos em Caracas da tarde de sexta-feira, e dois integrantes do alto escalão da polícia forense da Venezuela foram detidos em Guatire. 

Nem o Ministério da Informação venezuelano, nem o gabinete do Procurador chefe comentaram as seis prisões. 

De acordo com a Foro Penal, cerca de 700 pessoas estão presas por motivos políticos na Venezuela, entre elas, cerca de 100 militares. 

A ditadura de Maduro nega manter prisioneiros políticos, e frequentemente acusa a oposição de fomentar violência. Maduro se refere a Guaidó como fantoche dos Estados Unidos tentando derrubá-lo do poder. 

Em sua visita à Venezuela, Bachelet se encontrou tanto com Guaidó, quanto com Maduro. Ela designou dois delegados para monitorar violações de direitos humanos na Venezuela, e afirmou que é grave a situação do país.


“Teremos uma presença do meu gabinete no país pela primeira vez. Chegamos a um acordo com o governo para que uma pequena equipe, de dois oficiais de direitos humanos, permaneça aqui para prover assistência e assessoria técnica e continuar monitorando a situação dos direitos humanos na Venezuela”, disse a chilena na sexta-feira.
 

Bachelet se reuniu com parentes de detidos. Muitos dos presos são acusados de conspirar para a derrubada do regime de Maduro. Ela também recebeu parentes de pessoas mortas durante os protestos contra o governo —ONGs estimam em 200 as vidas perdidas desde 2014.

Segundo a ONU, um quarto da população venezuelana, o equivalente a 7 milhões de pessoas, requer ajuda humanitária urgente. Outros 4 milhões deixaram o país desde 2015.
 

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