Descrição de chapéu Governo Trump

Para EUA não impor tarifas, México propõe tropas na fronteira com Guatemala

País tenta convencer Washington de que novas medidas são suficientes para conter imigração ilegal

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São Paulo e Washington | Reuters

O governo mexicano pretende aumentar o combate à imigração ilegal em seu território com o uso de milhares de soldados na fronteira da Guatemala, afirmou nesta quinta-feira (6) o chanceler Marcelo Ebrard, em uma tentativa de diminuir o fluxo imigratório e assim evitar a imposição de tarifas pelos EUA.

De acordo com o jornal The Washington Post, a proposta mexicana inclui ainda um acordo que permitiria aos EUA deportar com mais facilidade pessoas da América Central que pedem asilo no país.  O jornal conversou com representantes dos dois lados da negociação —nenhum deles teve o nome revelado. 

"Explicamos que há 6 mil homens [da Guarda Nacional] e que eles serão empregados na fronteira ali [com a Guatemala]", afirmou Ebrard, após o término do encontro em Washington. As conversas prosseguem nesta sexta (7). 

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou em 30 de maio que pretende impor a partir da próxima segunda-feira (10) uma tarifa de 5% nos produtos oriundos do México caso o país não tome medidas para conter a imigração ilegal para o território americano.   

Bandeira com a inscrição "Estados Unidos dos Imigrantes" é exibida durante ato a favor dos migrantes em El Paso, no Texas, na fronteira com o México
Bandeira com a inscrição "Estados Unidos dos Imigrantes" é exibida durante ato a favor dos migrantes em El Paso, no Texas, na fronteira com o México - Jose Luis Gonzalez/Reuters

​Trump, que fez do combate a imigração ilegal uma de suas prioridades de campanha, quer ainda que a alíquota suba mensalmente até o país vizinho conseguir conter o fluxo de imigrantes da América Central que entram nos EUA. 

Por isso, na quarta (5), representantes dos dois países se reuniram na Casa Branca para tentar resolver a questão, mas não conseguiram chegar a um acordo

As conversas prosseguiram nesta quinta e incluem, pelo lado americano, o vice-presidente Mike Pence, o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o secretário de Segurança Interna, Kevin McAleenan. Do lado mexicano, o representante é Ebrard. 

Pence afirmou que ainda não há acordo e que a decisão caberá apenas a Trump. 

Além do envio da Guarda Nacional para a fronteira com a Guatemala, principal ponto de entrada dos imigrantes da América Central,  o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador propôs a construção, em todo o país, de novos centros de detenção de imigrantes e pontos de checagem para barrar a passagem. 

Ebrard teria prometido ainda aumentar a fiscalização sobre os traficantes responsáveis por ajudar os imigrantes a entrarem ilegalmente nos EUA.    

O México sugeriu ainda um acordo com os EUA e os países da América Central para dificultar a concessão de asilo aos imigrantes ilegais. Segundo a proposta, o imigrante só poderia pedir refúgio no primeiro país que ele entrar após deixar o seu. 

Caso o migrante pedisse asilo em outro país, este poderia deportá-lo imediatamente para o primeiro país que ele passou. 

Pela regra, quem sair da Guatemala, por exemplo, teria que pedir asilo no México. Caso a pessoa conseguisse chegar até os EUA, o governo Trump poderia deportá-la de volta para o México rapidamente.

Na prática, isso significa que nenhum imigrante da América Central que vá para os EUA por terra poderá pedir refúgio no país, já que ele obrigatoriamente teria que passar por outras nações no caminho.  Atualmente não há nenhuma limitação para este tipo de pedido.  

O jornal The New York Times disse que o governo da Guatemala já concordou com o plano.  

A publicação disse ainda que o México estaria disposto a ampliar um programa que já tem com Washington que permite aos imigrantes que pedem refúgio nos EUA permanecer em território mexicano até que seu caso seja resolvido. 

De acordo com o México, com a implementação de todas essas medidas, o número de imigrantes que entram ilegalmente nos EUA cairia para menos da metade.

Segundo os dados do governo americano, em maio 114 mil pessoas foram detidas tentando entrar no país pela fronteira sul, a maior quantidade em 13 anos. O México afirma que esse número cairá para 50 mil caso as propostas sejam aceitas.  

Não está claro, porém, se o acordo será suficiente para Trump desistir da imposição de tarifas, já que a Casa Branca quer que o número de detenções na fronteira caia para menos de 20 mil por mês, nível em que estava quando o republicano assumiu o cargo.

Na manhã desta quinta o americano falou sobre o caso antes de participar das comemorações de 75 anos do Dia D na França. Trump disse que as negociações podem levar a "algo dramático", mas que por enquanto seus planos não mudaram. 

"Nós avisamos o México que as tarifas serão implementadas. E falo sério", afirmou ele. O republicano também criticou a ideia de senadores de seu partido que pretendem impedir a criação das tarifas.

Já a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou que o prazo dado por Washington não será ampliado e caso não exista um acordo até a meia-noite de domingo (9), as tarifas serão implementadas. 

Com Reuters

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