Progresso não é suficiente, diz Irã após conversas sobre acordo nuclear com europeus

Para respeitar tratado, país quer retomar exportações de petróleo sancionadas pelos EUA

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Viena

Os países europeus ofereceram muito pouco nesta sexta-feira (28) para convencer o Irã a desistir de romper os limites impostos por seu acordo nuclear com potências mundiais. As informações são do enviado do país a uma reunião de emergência em Viena, na qual estiveram representantes das nações que assinaram o tratado (exceto os EUA) e do Irã.

O diplomata iraniano Abbas Araqchi, Ministro-adjunto de Relações Exteriores, disse que houve "progresso, mas que ainda não é suficiente, não atende às expectativas do Irã".

O Irã está a dias de exceder a quantidade máxima de urânio enriquecido permitida pelo acordo nuclear firmado em 2015 com Alemanha, Rússia, China, França, Reino Unido e Estados Unidos —o país se retirou unilateralmente do acordo em 2018. Urânio enriquecido pode ser usado para a fabricação de armas nucleares. 

Autoridades no encontro entre potências europeias e Irã, no Palácio Coburg, em Viena - Alex Halada/AFP

Os europeus dizem que a violação do acordo pelo Irã aumentará as chances de uma guerra entre Teerã e Washington. As relações entre os dois lados estão tensas desde que Trump retirou os EUA do acordo e, em seguida, impôs uma série de sanções econômicas contra o Irã, que vêm prejudicando a economia local.

A principal medida dos EUA foi proibir países aliados de importarem petróleo iraniano. A commodity é a principal fonte de renda do país.

Apesar de ter abandonado o acordo, Washington exigiu que os países europeus garantam que o Irã continue cumprindo os pontos do tratado. O Irã diz que isso não é possível, a menos que os europeus ofereçam ao país meios de receberem os benefícios econômicos previstos pelo pacto.

Para seguir cumprindo os pontos do documento, Teerã quer que suas exportações de petróleo sejam restauradas para o nível de abril de 2018, meses antes de Trump impor as sanções econômicas. 

Após a reunião desta sexta, a China disse que continuará a importar petróleo iraniano apesar da pressão americana.

Araqchi disse que, em última instância, cabe aos seus superiores em Teerã decidirem se cancelam os planos de exceder os limites do acordo nuclear, mas ele acredita que o resultado das negociações não fará seus chefes mudarem de ideia. 

"A decisão de reduzir nossos compromissos já foi tomada e vamos continuar a menos que nossas expectativas sejam atendidas", disse ele. "Eu não acho que o progresso feito hoje será suficiente para parar nosso processo, mas a decisão será tomada em Teerã."

Segundo diplomatas da ONU, o Irã deve ultrapassar os limites de urânio enriquecido neste final de semana. ​

Até agora, as propostas europeias para proteger o Irã do impacto das sanções dos EUA estão falhando, com o Irã sendo evitado nos mercados internacionais de petróleo e grandes empresas cancelando investimentos no país por medo de entrarem em conflito com os EUA.

O confronto entre EUA e Irã tomou dimensão militar nas últimas semanas, com Washington culpando Teerã por ataques a navios petroleiros no Golfo, o que o Irã nega.

Em seguida, o Irã abateu um drone americano que sobrevoava o estreito de Hormuz, por onde passam cerca de 20% do petróleo consumido no mundo. Washington disse que a aeronave estava em espaço aéreo internacional, mas o Irã sustenta que estava em espaço aéreo iraniano.

Em seguida, Trump ameaçou bombardear alvos no Irã, mas desistiu no último momento ao ser informado de que os ataques poderiam tirar a vida de 150 pessoas. 

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