O regime venezuelano afirmou nesta quarta-feira (26) ter frustrado um plano de golpe que incluía o assassinato do ditador Nicolás Maduro e a proclamação de um general da reserva como chefe de Estado.
"Estivemos em todas as reuniões para planejar o golpe de Estado, estivemos em todas as conferências", disse o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, ao afirmar que houve agentes infiltrados no complô, que envolvia oficiais da ativa e da reserva e, segundo ele, estava planejado para ser executado entre domingo (23) e segunda-feira (24).
Pelo menos seis dos envolvidos estão detidos, acrescentou o ministro em discurso televisionado, apresentando o depoimento de um deles —o tenente Carlos Saavedra— e gravações da videoconferência em que a suposta tentativa foi realizada.
Quatro dos soldados foram presos na sexta-feira passada, de acordo com o líder da oposição, Juan Guaidó. Além deles, mencionou outro militar e dois comissários da polícia científica.
Saavedra disse que ele era sobrinho do general da reserva Ramón Antonio Lozada Saavedra, que foi preso na quarta-feira no estado de Barinas (oeste) por agentes da inteligência.
De acordo com o ministro venezuelano, o plano incluía a tomada de três destacamentos —como a base aérea La Carlota, em Caracas— e a fuga do ex-general Raul Baduel para proclamá-lo presidente do país.
"É um golpe de estado militar contra Guaidó ou contra o presidente Nicolás Maduro?", ironizou Rodríguez, criticando o líder da oposição, que se declarou presidente em 23 de janeiro e é reconhecido como tal por mais de 50 países.
Baduel foi ministro da Defesa do ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013) e foi rebaixado por Maduro em 2018 junto ao general Antonio Rivero, que segundo o governo mora na República Dominicana e liderou a conspiração.
Rodríguez disse, ainda, que Estados Unidos, Colômbia e Chile se uniram para executar o suposto plano, que previa levar Baduel de helicóptero para território colombiano caso a estratégia fracassasse.
"Até quando, Iván Duque! (...) Já chega de planejar golpes militares, assassinatos do presidente", disse o ministro, mencionando também o mandatário chileno, Sebastián Piñera, e o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton.
O líder opositor Juan Guaidó desconsiderou a denúncia que o vincula ao suposto golpe, mas advertiu que vai insistir com os militares para que rompam com Maduro.
"É o conto número 'N', a imprensa já perdeu a conta de quantas vezes houve acusações reiteradas sobre o mesmo."
Guaidó, que chama a versão do governo de "novela", denunciou nesta quarta-feira que "um grupo de pessoas" à paisana "com armas de guerra interceptou" parte de sua equipe para "sequestrá-lo".
Em 30 de abril, o líder opositor comandou, com apoio de um grupo de militares, uma tentativa frustrada de demover Maduro do poder.
Economistas avaliam que a crise da Venezuela é o maior colapso econômico fora de uma guerra nos últimos 45 anos.
Segundo os analistas, a má governança, a corrupção e as políticas de Maduro e de seu antecessor, Hugo Chávez, alimentaram a inflação descontrolada, fecharam empresas e puseram o país de joelhos.
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