Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Reunião entre Bolsonaro e Macron no G20 é cancelada após críticas de presidente francês

Segundo porta-voz de Bolsonaro, líder europeu não explicou motivos para desmarcar encontro

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Osaka

O encontro entre Jair Bolsonaro e o presidente da França, Emmanuel Macron, que aconteceria nesta sexta-feira (28), em Osaka, foi desmarcado em meio à ameaça do líder europeu de não assinar acordos comerciais com o Brasil caso o país deixe o Acordo de Paris.

A reunião bilateral estava prevista para 14h25 (horário local) desta sexta, dia que marca o início do G20. Por volta das 11h, a assessoria de Bolsonaro informou que a agenda foi cancelada. 

Líderes posam para foto da cúpula do G20 em Osaka, no Japão
Líderes posam para foto da cúpula do G20 em Osaka, no Japão - Brendan Smialowski/AFP

Segundo o porta-voz do presidente, Otavio Rêgo Barros, o encontro havia sido solicitado por Macron, que também foi responsável por desmarcar a reunião. "As razões não nos foram avançadas”, disse ele à Folha.

Macron afirmou nesta quinta-feira (27) que não assinará nenhum acordo comercial com o Brasil caso o presidente Jair Bolsonaro saia do acordo climático de Paris, ameaçando colocar em risco os trabalhos de negociações comerciais entre União Europeia e Mercosul.

As tratativas da União Europeia com o Mercosul se intensificaram, com Bolsonaro dizendo neste mês que um acordo poderia ser assinado “logo”, enquanto o grupo europeu o chamou de “prioridade número um”.

Autoridades brasileiras estão em Bruxelas para negociar com os europeus.

 

Uma hora depois do anúncio do cancelamento da agenda, Macron e Bolsonaro posaram lado a lado para a foto oficial do G20.

O brasileiro entrou sozinho e, na sequência, recebeu um cumprimento seco do francês, que estendeu sua mão a Bolsonaro antes de se posicionar no canto do palco montado para o registro.

Bolsonaro, por sua vez, logo voltou o corpo para a direção da câmera, enquanto outros líderes conversavam à espera da fotografia.

Além de Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, também disse estar muito preocupada com a preservação da Amazônia e que aproveitaria o G20 para “ter uma conversa clara” com Bolsonaro.

Ao chegar ao Japão, o presidente disse que não aceitará advertências de outros países após ser questionado sobre a declaração da líder alemã.

"Eles [alemães] têm a aprender muito conosco. O presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores que vieram aqui para serem advertidos por outros países. Não, a situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como no passado, de alguns casos de chefes de estado que estiveram aqui", disse, sem citar a quem se referia. 

O presidente francês, Emmanuel Macron, à esq., e o premiê japonês, Shinzo Abe, em Tóquio
O presidente francês, Emmanuel Macron, à esq., e o premiê japonês, Shinzo Abe, em Tóquio - Blondet Eliot - 26.jun.19/AFP

Integrante da comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para o G20, o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) disse que ninguém tem moral para criticar a política ambiental do Brasil. 

"A política de meio ambiente é totalmente injusta ao Brasil. O Brasil é um dos países que mais preserva meio ambiente no mundo. Quem tem moral para falar da preservação de meio ambiente do Brasil? Estes países que criticam? Vão procurar a sua turma", disse o ministro em Osaka, à véspera do início do encontro que reúne líderes das 20 maiores economias. 

Heleno disse ainda “não ter nenhuma dúvida” de que o pedido para que o Brasil preserve o ambiente é uma estratégia para que outros países possam explorá-lo no futuro.

"Eu não tenho nenhuma dúvida. Estratégia de preservar o meio ambiente do Brasil para mais tarde explorarem. Está cheio de ONG por trás deles, ONG sabidamente a serviço de governos estrangeiros. Vocês têm que ler mais um pouco sobre isso, viu? Vocês estão muito mal informados", disse a jornalistas na porta do hotel em que a comitiva de Bolsonaro está hospedada.

Agora, Bolsonaro terá entre seus compromissos seis encontros bilaterais: Donald Trump (EUA), Xi Jinping (China), Shinzo Abe (Japão), Lee Hsien-Loong (Cingapura), Narendra Modi (Índia) e Mohammed bin Salman (Arábia Saudita).

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