Liderada pela Arábia Saudita, a coalizão que luta contra os rebeldes do Iêmen prometeu nesta quarta-feira (12) uma resposta "rápida e firme" ao ataque com míssil contra o aeroporto internacional de Abha que deixou 26 civis feridos.
O ataque, ocorrido dois dias depois da interceptação por parte da defesa antiaérea saudita de dois drones lançados pelos rebeldes iemenitas houthis, pode provocar uma escalada militar no momento em que a ONU tenta reativar o processo de solução política.
Vinte e seis civis de diversas nacionalidades ficaram feridos no ataque de rebeldes iemenitas contra o aeroporto saudita.
Os insurgentes iemenitas houthis anunciaram o ataque ao aeroporto com um míssil de cruzeiro, mas o porta-voz da coalizão que luta contra os rebeldes, o coronel saudita Turki al-Maliki, afirmou que as autoridades ainda não determinaram a natureza do dispositivo utilizado.
De acordo com o porta-voz, três mulheres —uma saudita, uma indiana e uma iemenita— e duas crianças sauditas estão entre os feridos. Oito feridos foram hospitalizados e os demais receberam atendimento médico no local.
O projétil provocou danos na entrada do aeroporto, por onde passam milhares de pessoas todos os dias, informou o coronel Al-Maliki.
Controlado pelos rebeldes houthis, o canal de televisão Al-Massira informou que um míssil de cruzeiro disparado contra o aeroporto de Abha atingiu o alvo e provocou a interrupção dos voos.
Al-Maliki mencionou o anúncio da emissora para destacar o "caráter terrorista do ataque" contra civis, equivalente —segundo ele— a "um crime de guerra".
"Isto prova que os rebeldes continuam recebendo armas novas e sofisticadas", completou, antes de acusar o "regime iraniano de seguir fornecendo, além de suas fronteiras, apoio a atos terroristas".
O militar saudita prometeu uma resposta "rápida e firme para dissuadir as milícias terroristas e proteger os civis".
O porta-voz dos rebeldes, Mohammed Abdelsalam, respondeu que o ataque ao aeroporto de Abha aconteceu em "autodefesa", porque o "bloqueio do Iêmen, o fechamento do aeroporto de Sanaa e a agressão continuam".
Os rebeldes prometeram voltar a atacar os aeroportos "dos países agressores", em alusão à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos.
O governo iemenita garantiu, por sua vez, que o disparo contra as instalações sauditas foi feito "sob a supervisão de especialistas iranianos".
Nas últimas semanas, os rebeldes iemenitas intensificaram os ataques com drones contra o reino saudita. Desde 2015, Riad lidera no Iêmen uma coalizão que apoia o governo.
Na segunda-feira, drones atacaram a guarnição militar de Jamis Mushait no sudoeste da Arábia Saudita, mas não provocaram vítimas ou danos, indicou a coalizão.
Os rebeldes afirmaram que atacaram a Base Aérea Rei Khaled, perto de Jamis Mushait.
No mês passado, os houthis reivindicaram vários ataques com drones contra a Arábia Saudita, incluindo um que danificou oleodutos em 14 de maio.
Dois dias antes, quatro petroleiros, incluindo dois sauditas, foram atingidos por "atos de sabotagem" que Riad atribuiu a Teerã.
A guerra no Iêmen inclui as forças pró-governo, apoiadas pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos, contra os rebeldes apoiados pelo Irã, que controlam grande parte do norte e oeste do país e da capital, Sanaa.
O conflito matou dezenas de milhares de pessoas, incluindo muitos civis, de acordo com várias organizações humanitárias.
Também já deixou 3,3 milhões de deslocados e 24,1 milhões de pessoas, ou seja, mais de dois terços da população precisam de ajuda, de acordo com a ONU.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.