Três russos e um ucraniano são acusados pela queda do voo MH17

Avião da Malaysia Airlines caiu no leste da Ucrânia em 2014 e matou 298

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Nieuwegein (Holanda) | Reuters e AFP

Três russos e um ucraniano serão acusados de homicídio pela queda de um avião de passageiros na Ucrânia, em 2014, anunciaram investigadores internacionais nesta quarta (19).

A queda do voo MH17, da companhia aérea Malaysia Airllines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, matou as 298 pessoas a bordo.

O julgamento começará em março de 2020, mas é provável que os acusados não compareçam à corte e sejam julgados "em ausência", segundo anúncio dos promotores, feito na Holanda. A Rússia não cooperou com as investigações e não deve entregar os suspeitos.

Ordens de prisão internacional já foram emitidas, disse o promotor holandês Fred Westerbeke. 

Os acusados são os russos Igor Girkin, ex-coronel do serviço de espionagem FSB (sucessora da KGB); Serguei Dubinksy, empregado da agência de inteligência militar GRU da Rússia; Oleg Pulatov, ex-soldado de uma unidade de forças especiais da GRU; e o ucraniano Leonid Kharchenko, que liderou uma unidade de combate militar na cidade ucraniana de Donetsk.

À época da queda do avião, separatistas ucranianos simpáticos à Rússia lutavam no leste da Ucrânia, na região de Donetsk, contra as forças do governo ucraniano.

O Boeing 777 da Malaysia Airlines se partiu em diversos pedaços ainda no ar, espalhando destroços em uma extensa área em território controlado pelos rebeldes.

Uma investigação internacional concluiu, em 2016, que o avião foi abatido por um míssil russo. Dois anos mais tarde, os investigadores revelaram que o projétil havia sido lançado de uma base militar da Rússia na cidade de Kursk, ao sudoeste do país.

Girkin foi ministro da Defesa na República Popular de Donetsk (DNR), apoiada por Moscou. Ele era o comandante da DNR quando o avião foi derrubado, em 17 de julho de 2014. Dubinsky serviu como vice de Girkin na DNR, e Pulatov foi vice de Dubinsky. Kharchenko estava sob o seu comando.

Os investigadores disseram que os soldados são responsáveis pelas conexões entre a região de Donetsk e a Rússia. Desta forma, obtiveram equipamentos pesados ​​da Rússia, incluindo o lançador Buk, usado para atirar no MH17. 

Os acusados não apertaram o botão que disparou o míssil, mas trouxeram o sistema antiaéreo para o leste da Ucrânia, de acordo com o time de investigadores. Portanto, os quatro podem ser responsabilizados criminalmente pelo assassinato de 298 pessoas. A maioria das vítimas era holandesa.

O promotor holandês Fred Westerbeke, em anúncio dos acusados pela queda do vôo MH17 - John Thys/AFP

Moscou nega as acusações e diz que não confia na investigação.

"A Rússia não pôde participar da investigação, apesar de ter manifestado interesse desde o início e tentado se juntar a ela", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres nesta quarta-feira.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que a investigação pretende prejudicar a reputação de Moscou. "Mais uma vez, acusações absolutamente infundadas estão sendo feitas contra o lado russo, visando desacreditar a Federação Russa aos olhos da comunidade internacional", disse o Ministério em comunicado.

Acredita-se que um dos acusados russos, Igor Girkin, 48, viva em Moscou, a partir de onde comenta assuntos russos e internacionais usando seu site e um canal no YouTube. "Os rebeldes não derrubaram o Boeing", disse à agência Reuters, mas não ofereceu mais detalhes.

Já a Ucrânia anunciou que tentará prender Leonid Kharchenko, de acordo com a agência de notícias Interfax. Acredita-se que ele esteja em território ucraniano.

Em seguida, o presidente Volodimir Zelenski disse em um comunicado esperar que os "culpados deste assassinato descarado de crianças inocentes, mulheres e homens sejam colocados no banco dos réus".

Mais de 50 detetives estão envolvidos na investigação liderada por holandeses. O time tem também cidadãos ucranianos, belgas, malaios e australianos. 

A equipe interrogou testemunhas, analisou imagens de satélite e obteve acesso a ligações telefônicas, entre outros dados. Westerbeke relatou que a área no leste da Ucrânia estava inacessível a eles, tornando o processo difícil. 

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