Aniversário da Queda da Bastilha tem confronto e prisão de 'coletes amarelos'

Agentes franceses dispararam bombas de gás lacrimogêneo após desfile militar em Paris

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Paris | Reuters e AFP

O feriado de 14 de julho na França, que marca a Queda da Bastilha, teve o retorno dos protestos dos “coletes amarelos” na avenida Champs Elysées, em Paris. 

O ato aconteceu poucas horas depois de o presidente Emmanuel Macron liderar no mesmo local uma parada militar ao lado de líderes europeus para celebrar a data. 

O protesto terminou em confronto com a polícia. Esta foi a primeira vez que os “coletes amarelos” protestaram na principal avenida da capital francesa desde 16 de março.

Manifestantes ligados ao movimento de coletes amarelos entram em confronto com a polícia após desfile militar em celebração ao aniversário da Queda da Bastilha
Manifestantes ligados ao movimento de coletes amarelos entram em confronto com a polícia após desfile militar em celebração ao aniversário da Queda da Bastilha - Kenzo Tribouillard/AFP

Logo após o desfile militar terminar, a Champs Elysées foi reaberta para o tráfego de veículos, mas um grupo de cerca de 200 pessoas ligadas aos “coletes amarelos” tentou ocupar a via. 

O canal de televisão BFM mostrou imagens da polícia atirando as bombas para dispersar os manifestantes, alguns mascarados, que tentaram bloquear o caminho com barricadas de metal, lixeiras e ouros utensílios.

Com a segurança reforçada, os manifestantes foram proibidos inclusive de usar o traje que dá nome ao movimento. Por isso, muitos usaram balões amarelos em vez dos coletes.

A polícia francesa disse que ao menos 180 pessoas foram detidas, incluindo três líderes dos “coletes amarelos”. 

Segundo o jornal Le Monde, a maior parte deles foi preso por infrações de organização de manifestação não declarada, desacato a autoridade, degradação de bens públicos e porte ilegal de arma.

Antes da confusão, Macron tinha usado a data —que marca os 230 anos do início da Revolução Francesa— para defender o projeto europeu e a necessidade de união do continente e de manutenção da Otan (a aliança militar liderada pelos Estados Unidos). 

“Nunca desde o final da Segunda Guerra Mundial a Europa foi tão necessária. A construção de uma defesa europeia, em conexão com a Aliança Atlântica [a Otan], é uma prioridade para a França. É este o tema deste desfile”, disse o presidente francês. 

Exatamente por isso, ele convidou uma dúzia de países europeus parceiros da França para participarem do tradicional desfile militar.  

“Neste ano haverá muitos militares de Exércitos europeus. Este será um belo símbolo da defesa europeia que estamos construindo, que, como vocês sabem, é uma prioridade do meu mandato”, disse no sábado (13) o chefe do Estado francês. “Agir juntos não significa renunciar ou diminuir a soberania nacional.”

Macron abriu as festividades ao percorrer a avenida Champs-Elysées a bordo de um carro, antes de passar em revista as tropas ao lado do chefe de Estado-Maior. Parte do público, incluindo alguns “coletes amarelos”, vaiou o presidente francês neste momento.

Macron ocupou então seu assento na tribuna presidencial, na qual vários outros líderes europeus esperavam por ele, incluindo a chanceler alemã, Angela Merkel.

Além dela, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também estavam entre os 11 convidados europeus do presidente francês. 

Já a primeira-ministra britânica, Theresa May, não compareceu ao evento e foi representada por seu número dois, David Lidington.

Os nove países que participam ao lado da França na Iniciativa Europeia de Intervenção (IEI) —nascida há um ano sob a liderança de Macron— foram representados no desfile: Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Estônia, Espanha, Portugal e Finlândia, todos representados em Paris pelos seus chefes de Estado, de Governo ou Ministro da Defesa.

No total, cerca de 4.300 militares, 196 veículos, 237 cavalos, 69 aviões e 39 helicópteros foram mobilizados para o evento na capital francesa.

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