Conservador vence eleições na Grécia e tira esquerda do poder

Partido Nova Democracia, de direita, alcançou maioria absoluta no Parlamento

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Atenas | Reuters

O conservador Kyriakos Mitsotakis foi eleito novo primeiro-ministro da Grécia neste domingo (7), colocando fim ao governo de esquerda liderado por Alexis Tsipiras, do partido Syriza, no comando do país desde 2015.

Com 99,83% das urnas apuradas, o partido de  Mitsotakis  somou 39,85% dos votos, e conquistou 158 cadeiras no Parlamento. É a maior margem de vitória para um partido grego desde 1981. O Syriza teve 31,53%, mas levou 86 assentos, pois venceu em poucos distritos eleitorais. 

Kyriakos Mitsotakis, novo premiê da Grécia, discursa após a vitória - Louisa Gouliamaki/AFP

"Estou comprometido com impostos mais baixos, muitos investimentos, com novos empregos e crescimento que trará melhores salários e aposentadorias mais altas em um Estado eficiente", discursou o novo premiê. 

 
Mitsotakis, 51, é apresentado como um reformista ligado ao setor empresarial. Ele tem diplomas de Harvard e de Stanford e foi consultor da McKinsey em Londres. 

O novo líder vem de uma família tradicional na política grega. Seu pai, Konstantinos Mitsotakis, foi primeiro-ministro da Grécia de 1990 a 1993. Sua irmã Dora Bakoyannis, foi ministra das Relações Exteriores. O sobrinho do novo premiê, Kostas Bakoyannis, é prefeito de Atenas.

Mitsotakis foi ministro da Reforma Administrativa sob o governo conservador de Antonis Samaras (2012-2014). No auge da crise, ele foi instruído a demitir 15 mil funcionários. Os cortes foram interrompidos pelas eleições antecipadas em janeiro de 2015, mas a fama de ser um administrador rigoroso persistiu.

Tsipiras reconheceu a derrota. "Hoje, com nossa cabeça erguida, aceitamos o veredito do povo. Para trazer a Grécia até onde ela está hoje nós tivemos de tomar decisões difíceis, com um custo político pesado", disse a jornalistas.

O partido de esquerda teve de lidar nas urnas com a culpa de endividar ainda mais o país mergulhado em crise. A Grécia sofre com dificuldades financeiras desde 2010 e recorreu três vezes a ajuda de países da União Europeia desde então.

"A razão básica [para o resultado das urnas] é a economia", disse o analista Theodore Couloumbis. "Nos últimos anos, as pessoas não viram nenhuma melhora, pelo contrário, houve cortes em salários e pensões." 

A eleição foi convocada após o Syriza sofrer uma dura derrota nas eleições europeias, em maio. 

Tsipras vinha defendendo que o voto em Mitsotakis seria em favor do establishment que empurrou a Grécia à beira do precipício. Mas ele também tem sido criticado pela maneira como lidou com a crise e pelo acordo impopular que buscou encerrar a disputa sobre o nome da Macedônia do Norte.

O país ao norte da Grécia passou a se chamar Macedônia ao se tornar independente da Iugoslávia, em 1991, e irritou imediatamente os vizinhos do sul, já que Macedônia é um termo histórico que até hoje nomeia uma região grega —usá-lo no nome de outra nação, assim, sugeriria reivindicação sobre esse território. Adicionar “do Norte” foi a solução defendida por Tsipras.

Já o último ajuste econômico da Grécia se encerrou em 2018, mas a situação fiscal do país ainda está sob observação dos credores. Enquanto o crescimento voltou, o desemprego do país bate em 18% e é o mais alto da zona do euro.

O partido Nova Democracia tem prometido investir na criação de empregos e na mão firme contra o crime, principalmente nos bairros de Atenas nos quais há presença de movimentos anarquistas fortes.

Com RFI

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