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Estúdio incendiado se notabilizou por adaptações de alta qualidade de publicações populares

Japonês Kyoto Animation tem pouca penetração no mercado internacional

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São Paulo

O Kyoto Animation, alvo de incêndio criminoso nesta quinta-feira (18), no Japão, não é um dos maiores estúdios japoneses de animação nem tem grande penetração no mercado internacional, mas traz duas características singulares: trabalha com muitas adaptações de light novels, tipo de publicação impressa popular no Japão, e com animadores contratados, não recorrendo a freelancers.

O maior sucesso do Kyoto é “Lucky Star”, baseado em mangá de Kagami Yoshimizu, lançado em 2003 e publicado até hoje. Trata-se de uma espécie de “Malhação”, com aventuras de quatro meninas que estudam na mesma escola. 

O título se expandiu além do papel, com games e o anime (desenho animado) em 24 episódios, de 2007, a mais longa produção da Kyoto. Algumas cópias piratas podem ser encontradas em lojinhas no bairro da Liberdade, em São Paulo.

O projeto artisticamente mais ambicioso do Kyoto é recente. “Violet Evergarden” é uma série animada em 13 episódios exibida no Japão no ano passado e que se tornou cult. Há comparação entre essa produção e “Ghost in the Shell”, mangá que virou filme com Scarlett Johansson.

A história de “Violet Evergarden” conta a invenção das Bonecas Autômatas de Automemória. Elas são criadas para trabalhar com gente que produz texto, servindo de escreventes e bancos de memória para jornalistas e escritores.

Mas a ação começa quando algumas bonecas são reprogramadas para uso militar. O visual do anime é deslumbrante, seguindo a light novel de Kana Akatsuki e Akiko Takase, uma das publicações mais premiadas no Japão em 2014.

Light novel é um tipo de pulp fiction oriental. São livros de histórias para leitura rápida, que trazem os textos acompanhados de algumas ilustrações, quase sempre no mesmo estilo dos mangás, os gibis japoneses. 

Muitas vezes são publicadas em fanzines, folhetins e revistas semanais ou mensais, em capítulos. Meses depois, aparecem em volumes de compilações das editoras.

“Full Metal Panic!”, extensa light novel de Shouji Gatou publicada em mais de 20 volumes entre 1998 e 2011, teve quatro séries anime, produzidas por estúdios diferentes. O Kyoto foi responsável por duas séries, “Full Metal Panic? Fumoffu!” (2003) e “Full Metal Panic! The Second raid” (2005) —que foram os dois produtos mais rentáveis do estúdio.

Outro sucesso, este um tanto inesperado, foi “Hibike! Euphonium”, história com os integrantes do Clube dos Instrumentos de Sopro do Liceu Kitauji, que teve uma segunda temporada. É exemplo típico das light novels adaptadas pelo Kyoto: aventuras com jovens estudantes criadas para consumo de jovens estudantes.

Criado em 1981, o Kyoto tem uma produção pequena, na comparação com grande estúdios do país, muitos trabalhando como braços operacionais de corporações que fazem games e brinquedos.

Na opção de contratar todos os animadores, indo contra a corrente dos outros estúdios que utilizam freelancers, o Kyoto defende que trabalha com produtos de alta qualidade, sem a urgência pedida pelos concorrentes que obedecem a uma lógica de mercado de games. 
 

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