Os Estados Unidos comemoraram nesta quinta-feira o feriado nacional de 4 de julho com uma festa diferente: na capital, o Dia da Independência teve seu tradicional show de fogos de artifício, mas o presidente Donald Trump foi o protagonista de uma celebração.
"Feliz 4 de julho!", escreveu Trump em uma rede social logo cedo, depois de ter afirmado que a festa seria "o espetáculo de uma vida!".
Com a exibição de tanques militares, o sobrevoo de caças e um discurso do Lincoln Memorial transmitido em horário nobre, o presidente, que já lançou sua campanha para a reeleição em 2020, propôs renovar a festa anual no centro de Washington.
As novidades da programação do Dia da Independência imediatamente fizeram a oposição reagir e vários democratas do Congresso alertaram o presidente contra a tentação de um realizar um comício de campanha em rede nacional.
O dia 4 de julho é geralmente um dia de trégua em que os americanos "agitam a bandeira nacional sem entrar em discussões políticas", afirma o especialista em mídia Richard Hanley.
Em todo o país, há desfiles, fanfarras, churrascos e shows de fogos de artifício.
Nem todos estão tão contentes que um feriado tão patriótico e historicamente civil inclua um discurso presidencial de alto nível e uma demonstração de força militar.
"O ego (de Trump) é tão grande que vai realizar este comício de campanha em 4 de julho, em um ato desesperado, e todos sabem disso", afirmou o líder da bancada democrata no Senado, Chuck Schumer.
A CNN informou que os líderes militares, que por lei não podem participar de eventos políticos, estão preocupados com a politização da data.
A organização progressista Code Pink instalou o "Baby Trump", um enorme boneco inflável que mostra o presidente de fraldas.
Uma reportagem do jornal The Washington Post revelou que o governo federal utilizou US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 9,5 milhões) do orçamento do Serviço Nacional de Parques para bancar o evento. As verbas faziam parte da arrecadação do órgão com bilhetes de entradas nos parques mantidos pelo governo federal.
Discurso
O presidente planejava fazer sua "Saudação aos Estados Unidos" às 18h30 local (19h30 de Brasília), mas o pronunciamento foi adiado em meia hora por causa do mau tempo.
Trump finalmente discursou nas escadas do monumento a Abraham Lincoln, o presidente que defendeu a unidade do país durante a Guerra Civil —trata-se do mesmo lugar em que Martin Luther King fez seu famoso discurso "Eu tenho um sonho", em 1963.
A mensagem à nação de Trump teve tom nacionalista e homenageou os braços das Forças Armadas dos EUA: Guarda Costeira, Aeronáutica, Marinha, Exército e os Fuzileiros Navais.
Aviões e helicópteros militares sobrevoaram o local durante o discurso, incluindo os Blue Angels (anjos azuis), o esquadrão aeronáutico famoso por suas apresentações, e o avião presidencial, Air Force One.
Tanques e veículos de combate estavam estacionados nas proximidades, mas não puderam circular porque suas rodas poderiam danificar as ruas da cidade.
O presidente foi interrompido pelo público algumas vezes com gritos de "USA! USA!" —a atmosfera no local era próxima a de um comício, embora Trump tenha se limitado a falar sobre episódios da história americana, conquistas militares e heróis nacionais, como George Washington.
"Hoje nós nos reunimos como uma nação para prestar esta saudação especial à América, celebrar nossa história, nossos heróis e nossos bravos homens e mulh eres que servem nas Forças Armadas", disse ele, que manteve o tom de união nacional durante o pronunciamento.
O presidente também prestou homenagem à patrulha de fronteira e ao ICE (serviço de controle de imigração e alfândegas dos EUA), duas agências que têm desempenhado papéis importantes na implementação de sua polêmica política migratória.
A inspiração do presidente para uma comemoração com tanta pompa e circunstância parece vir do desfile militar do Dia da Bastilha, do qual participou em 2017, convidado pelo mandatário francês, Emmanuel Macron.
Impressionado com a marcha de soldados e com a exibição de equipamento militar no centro de Paris, Trump brincou, na época, ao voltar para casa: "a gente tem que tentar superar isso".
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