Irã supera limite de urânio pouco enriquecido estabelecido em acordo nuclear

País quer que potências europeias convençam EUA a retirarem sanções econômicas

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Teerã | AFP e Reuters

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, anunciou nesta segunda-feira (1º) que o Irã superou o limite de 300 quilos de urânio pouco enriquecido estabelecido pelo acordo nuclear de 2015. 

Uma fonte diplomática em Viena, onde está a sede da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), ligada à ONU, confirmou a informação sob condição de anonimato, sem apontar quanto além do limite foi superado. 

Em nota, a Casa Branca afirmou que os EUA vão continuar a exercer pressão máxima sobre o Irã "até que mude seu curso de ação".

Mais tarde, o presidente Donald Trump afirmou que o Irã está "brincando com fogo".

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, durante entrevista em Nova York
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, durante entrevista em Nova York - Carlo Allegri - 24.abr.19/Reuters

O urânio pouco enriquecido é um tipo de combustível usado em reatores nucleares. Caso passe por um processo de enriquecimento, o elemento pode servir como componente de armas nucleares.

O Irã já havia ameaçado, em meados de junho, superar o índice em suas reservas depois de considerar que não havia motivos para respeitar as regras do pacto nuclear de 2015 —os EUA se retiraram do tratado unilateralmente, em maio de 2018, e em seguida impuseram sanções econômicas contra o país. ​

Além da determinação referente ao urânio pouco enriquecido, Teerã anunciou que já não se sente obrigado a respeitar o ponto relativo às reservas de água pesada, cujo limite é de 130 toneladas. 

O Irã também ameaça retomar, a partir de 7 de julho, o projeto para construir um reator de água pesada em Arak, no centro do país, caso os outros Estados que ainda integram o acordo —Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia— não ajudarem a acabar com as sanções americanas.

Na sexta (28), os países europeus tentaram convencer o Irã a desistir de romper os limites impostos pelo acordo, mas, segundo o diplomata iraniano Abbas Araqchi, ministro-adjunto de Relações Exteriores, enviado do país a uma reunião de emergência em Viena, houve "progresso, mas ainda não atende às expectativas do Irã".

As potências europeias afirmam que a violação do acordo pelo Irã aumentará as chances de uma guerra entre Teerã e Washington. As relações entre os dois lados estão tensas desde que o presidente americano, Donald Trump, retirou os EUA do acordo.

A principal medida americana foi proibir países aliados de importarem petróleo iraniano. A commodity é a principal fonte de renda do país.

Apesar de ter abandonado o acordo, Washington exigiu que os países europeus garantissem que o Irã continuasse a cumprir os pontos do tratado. O Irã diz que isso não é possível, a menos que os europeus ofereçam ao país meios de receber os benefícios econômicos previstos pelo pacto.

Para seguir cumprindo o documento, Teerã quer que suas exportações de petróleo sejam restauradas para o nível de abril de 2018, meses antes de Trump impor as sanções econômicas. Após a reunião desta sexta, a China disse que continuará a importar petróleo iraniano apesar da pressão americana.

O confronto entre EUA e Irã tomou dimensão militar nas últimas semanas, com Washington culpando Teerã por ataques a navios petroleiros no Golfo, o que o Irã nega.

Em seguida, o país abateu um drone americano que sobrevoava o estreito de Hormuz, por onde passam cerca de 20% do petróleo consumido no mundo. Washington disse que a aeronave estava em espaço aéreo internacional, mas o Irã sustenta que estava em espaço aéreo iraniano.

Depois, Trump ameaçou bombardear alvos no Irã, mas desistiu no último momento ao ser informado de que os ataques poderiam tirar a vida de 150 pessoas.

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