Mesmo abastecido, navio do Irã segue no Brasil após problemas técnicos

STF obrigou nesta semana que Petrobras fornecesse combustível a embarcações

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Brasília

Mesmo após terem seu abastecimento concluído no sábado (27), por uma determinação do STF que pôs fim a um impasse jurídico, os navios iranianos seguem no litoral sul do Brasil, onde estão há quase 50 dias.

Um deles, o Bavand, chegou a ter sua manobra para partida iniciada às 11h deste domingo (28), mas ela foi interrompida por problemas técnicos. 

navio parado em costa
Navio iraniano Bavand, abastecido pela Petrobras após impasse internacional - Ernani Ogata/Código19/Agência O Globo

De acordo com pessoas próximas ao assunto, a embarcação apresentou falhas mecânicas provocadas por falta de combustível por tempo prolongado.

Técnicos estão trabalhando na solução do problema e a partida da costa brasileira em direção ao Irã foi reprogramada para 11h de segunda-feira (29) do porto de Paranaguá (PR).

Além do Bavand, outro navio iraniano, o Termeh, segue no Brasil. Ele partiu no sábado do Paraná para o porto de Imbituba (SC) para ser carregado de milho antes de retornar ao Irã. 

As duas embarcações estavam desde junho na região do terminal portuário paranaense diante da negativa da Petrobras de vender combustível para eles.

A petroleira estatal argumentava que ambas estão na lista de empresas sancionadas pelos Estados Unidos e temia sofrer penalidades pelas autoridades norte-americanas. 

Tanto o Bavand quanto o Termeh trouxeram ureia ao Brasil e devem retornar com milho ao país persa. 
O impasse sobre o abastecimento só chegou ao fim na noite da última quarta-feira (24), quando o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, determinou que a Petrobras fornecesse o combustível.

O Bavand já tinha embarcado quase 50 mil toneladas de milho e, após a conclusão do abastecimento, aguardava condições apropriadas de maré para iniciar a volta ao Irã. 

Já o Termeh partiu no início da tarde de sábado do Paraná para Imbituba (SC) onde está sendo feito o carregamento de outras 60 mil toneladas antes do retorno ao país de origem. A carga é avaliada em aproximadamente R$ 100 milhões. 

A expectativa é de que os navios iniciem o retorno ao Irã na segunda. A previsão da viagem é de 37 dias. 
Para que isso ocorra, além da correção de problemas mecânicos do Bavand, é necessário que haja condições adequadas de maré nas duas localidades. 

Até a chegada do caso ao Supremo, o caso se estendeu em uma disputa judicial nas instâncias inferiores. Toffoli determinou o abastecimento pela Petrobras argumentando prejuízos causados à balança comercial do país com o Irã, que é o maior comprador de milho brasileiro. 

Ele disse ainda que não havia a possibilidade de a Petrobras sofrer sanções dos EUA, uma vez que o reabastecimento será feito por ordem judicial. 

O impasse sobre os navios ocorre em meio a uma escalada entre o país persa e os norte-americanos. 
Diante disso, o presidente Jair Bolsonaro tem se posicionado em alinhamento com os EUA. Ele afirmou na sexta (26) que esperava que o impasse dos navios fosse resolvido sem "criar qualquer rusga" com os americanos. 

"Nosso governo está alinhado, sim, com o governo Trump. Estamos entrando em contato, temos conversado desde ontem [quinta] com o embaixador do governo americano nessa questão, tem a decisão do Toffoli", afirmou o presidente.

Como mostrou a Folha, o episódio da retenção de dois navios iranianos perto do porto de Paranaguá (PR) abriu uma nova crise interna no Itamaraty e já preocupa a cúpula das Forças Armadas. Não apenas pelo caso dos navios, mas pelo alinhamento automático à posição americana anunciado por Bolsonaro. 

EUA e Irã divergem sobre questões nucleares e sobre questões bélicas. Os dois países dizem ter derrubado drones adversários.

A tensão se multiplica em incidentes entre outros locais do mundo, como na apreensão mútua de petroleiros por parte dos iranianos e dos britânicos.

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