Novos protestos contra governo de Hong Kong têm confronto entre manifestantes e polícia

Ativistas desafiam ordens e ultrapassaram área que havia sido designada como ponto final do protesto

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Hong Kong | AFP e Reuters

Houve confrontos entre manifestantes e policiais quando dezenas de milhares de pessoas voltaram às ruas de Hong Kong neste domingo (21), pelo sétimo final de semana consecutivo, para protestar contra o governo pró-Pequim do território semiautônomo.

Policiais dispararam balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os manifestantes, em meio a cenas caóticas enquanto o protesto rumava para a representação do governo em Hong Kong, em um desafio direto as autoridades de Pequim. 

Segundo os organizadores, 430 mil pessoas participaram dos protestos —de acordo com a polícia, foram 138 mil.

Manifestantes vestidos de preto e muitos usando máscaras desafiaram as ordens da polícia e ultrapassaram a área que havia sido designada como ponto final do protesto. 

Questionado se os manifestantes tentariam entrar à força no prédio, um homem de 30 anos disse que não. "Isso seria a morte de Hong Kong", acrescentou.

Desde 9 de junho, Hong Kong é palco de imensas manifestações, algumas marcadas por incidentes violentos entre polícia e manifestantes.

O movimento começou em reação a um projeto de lei, agora suspenso, que autorizaria extradições para a China continental. Depois, passou a exigir a renúncia da chefe-executiva do território, Carrie Lam, além de outras demandas.

No protesto deste domingo, alguns manifestantes jogaram ovos contra o escritório de ligação de Pequim, enquanto outros pichavam paredes de concreto nas proximidades com palavras de ordem.

O governo de Hong Kong condenou em nota o "cerco malicioso" dos manifestantes ao escritório —uma porta-voz do órgão expressou uma "condenação severa" dos "manifestantes radicais". 

Os manifestantes levavam ainda cartazes com os dizeres "mentirosa", "sem desculpas para Carrie Lam" e "investigação sobre a brutalidade policial". 

"Voltei para Hong Kong neste verão devido aos protestos", afirmou Mandy Ko, 27, que mora na Austrália. "Meu espírito está com o povo de Hong Kong." 

Ativistas formavam correntes humanas para entregar água, guarda-chuvas, capacetes e máscaras de gás aos manifestantes.

A mensagem "be water" —"seja água", máxima da lenda de artes marciais Bruce Lee— circulava pelas redes sociais, encorajando os manifestantes a serem flexíveis e a se retirarem estrategicamente em momentos de confronto. 

"Quando as avós estão na rua, como você pode ficar na frente da televisão?", disse Anita Poon, 35, que foi pela primeira vez às manifestações.

"O governo não respondeu à voz do povo, e é por isso que vamos continuar nos manifestando", disse.

As autoridades reforçaram a segurança no centro financeiro internacional.

As barreiras de metal, às vezes usadas como barricadas pelos manifestantes, foram removidas, e a sede da polícia foi cercada por barreiras de segurança plásticas cheias de água.

Os manifestantes exigem a renúncia da chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, que tem o apoio de Pequim, além da suspensão definitiva do projeto de lei de extradição, uma investigação independente sobre a violência policial e a anistia das pessoas presas, entre outras demandas.

Por enquanto, não há sinais de que Lam ou Pequim estejam dispostos a ceder mais do que já fizeram.

Recentemente, o jornal South China Morning Post informou que Pequim prepara um plano para resolver a questão de Hong Kong, segundo fontes governamentais chinesas.

O veículo sugeriu que há pouco interesse em acalmar o descontentamento público e que o projeto estaria voltado para aumentar o apoio a Lam e à polícia.

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