Polícia e manifestantes se enfrentam novamente em Hong Kong

Agentes usaram spray de pimenta e golpes de porrete contra grupo dentro de shopping de luxo

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Hong Kong | AFP

Manifestantes e policiais voltaram a se enfrentar em Hong Kong neste domingo (14) durante protesto contra o governo pró-Pequim que contou com a participação de milhares de pessoas.

A polícia usou spray de pimenta e cassetetes contra grupos que tomaram uma estrada em Sha Tin, distrito entre a principal aglomeração urbana ao redor do porto e a fronteira com a China.

Manifestantes mascarados responderam construindo barricadas com cercas de metal.

Os piores enfrentamentos ocorreram durante a noite, em um shopping center, onde centenas de manifestantes fugiram depois que a polícia removeu as barricadas, segundo informou a agência de notícias AFP.

Manifestantes fazem barricadas com cercas de metal para se protegerem da polícia de Hong Kong
Manifestantes fazem barricadas com cercas de metal para se protegerem da polícia de Hong Kong - Reuters

A ex-colônia britânica está há semanas mergulhada em sua pior crise na história recente, com grandes manifestações que, em alguns casos, levaram a violentos confrontos entre a polícia e uma minoria mais radicais. 

“Já marchamos tantas vezes, mas o governo ainda não nos escutou. Tem nos forçado a sair às ruas todos os dias”, disse Tony Wong, 24, que participou da marcha de Sha Tin.

O momento de maior tensão aconteceu em 1º de julho, quando manifestantes invadiram o Parlamento local e destruíram parte do prédio.

A sequência de atos, que já dura cinco semanas, fez a chefe-executiva do território, Carrie Lam, oferecer sua renúncia neste domingo de acordo com o jornal britânico Financial Times. Ela já teria tido a mesma postura em outras ocasiões nas últimas semanas. 

A saída de Lam, aliada do regime chinês, é uma das principais reivindicações dos manifestantes. 

Mas, segundo a publicação, Pequim, recusou a renúncia. O argumento é que ela precisa permanecer no cargo para resolver os problemas que assolam Hong Kong.  

Além disso, a China teme que, caso Lam saia, os manifestantes pressionem para que seu substituto seja definido por meio do voto universal —atualmente a escolha é feita por um grupo de delegados autorizados por Pequim.

Foi exatamente a insatisfação com o sistema de escolha dos líderes do território que causou uma onda de protestos em 2014 que ficou conhecida como “Revolução dos Guarda-Chuvas”. O objeto costuma ser usado pelos manifestantes para se protegerem da polícia e virou símbolo pró-democracia.

As mobilizações atuais começaram pedindo a anulação de um projeto de lei que autorizaria a extradição de moradores do território para a China continental. 

Lam acabou recuando do projeto, mas isso não acalmou a situação. O movimento tornou-se mais amplo, exigindo reformas democráticas e o fim da erosão das liberdades. 

Os manifestantes também exigem uma investigação independente sobre o uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha pela polícia, além de uma anistia para os detidos e a renúncia de Lam.

Muitos dos manifestantes consideram os protestos como uma luta contra a crescente influência de Pequim no território.

“É um momento perigoso, as pessoas de Hong Kong podem escolher morrer ou viver, estamos no fio da navalha, mas ainda não estamos mortos”, declarou a manifestante JoJo So, 50.

O governo chinês reafirmou o apoio a Lam e pediu que os envolvidos no ataque ao Parlamento e em confrontos violentos sejam detidos.

Na noite de domingo, o governo de Hong Kong condenou “fortemente esses atos ilegais”, destacando que as estradas foram bloqueadas, e os agentes, atacados.

No sábado (13) também houve confronto entre manifestantes e policiais após um protesto contra comerciantes chineses que vão até Hong Hong comprar mercadorias para revender do outro lado da fronteira.  

Esta crise é a mais grave enfrentada pelas autoridades de Pequim em Hong Kong desde 1997, quando o território retornou para a China após mais de um século sob controle britânico. 

Segundo o acordo de devolução, Hong Kong tem direito a certa autonomia política e um sistema legal próprio, em um arranjo conhecido como “um país, dois sistemas”.

 
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