O assessor especial do governo Jair Bolsonaro para assuntos internacionais, Filipe Martins, viajou a Washington nesta semana sem comunicar a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos e levantou especulações sobre a virtual nomeação de Eduardo Bolsonaro para o posto de embaixador no país.
Martins é um dos principais aliados do deputado e foi quem o apresentou para os filhos de Donald Trump e para Steve Bannon, ex-estrategista do presidente americano.
Bannon celebrou a possível indicação de Eduardo e disse que o deputado era uma “excelente escolha que entende Trump, os atores políticos e o movimento".
Segundo o ex-assessor de Trump, vai levar pouco tempo para que Eduardo “tenha um grande impacto nas relações entre Brasil e Estados Unidos”.
Eduardo se tornou o líder na América do Sul do chamado "Movimento" —articulado por Bannon para apoiar políticos nacionalistas, populistas e de direita. Demitido em 2017, porém, o ex-auxiliar da Casa Branca não é mais próximo de Trump e sua relação com Bolsonaro, como mostrou a Folha em março, incomodou integrantes do governo americano.
A viagem de Martins nas vésperas do anúncio de Bolsonaro de que queria o filho embaixador levantou teses como a de que ele foi a Washington fazer consultas sobre a aceitação do nome de Eduardo para o posto.
É praxe que o governo brasileiro converse com autoridades do país receptor, neste caso os EUA, sobre quem será escolhido pelo presidente antes de uma indicação oficial para a embaixada.
Depois da escolha, o indicado ainda precisa passar pela chancela do Senado.
Aliados de Martins afirmam que ele foi à capital americana fazer apresentações para políticos e empresários, mas não deram mais detalhes sobre o roteiro.
Em novembro do ano passado, o hoje assessor presidencial organizou a viagem de Eduardo aos EUA — também sem articular com a embaixada brasileira no país — e advogou para que ele ficasse com a presidência da Comissão de Relações Exteriores, e não com o comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Diplomatas do Brasil em Washington foram surpreendidos com a notícia da virtual nomeação de Eduardo, mas reconhecem que, apesar de não ser funcionário de carreira do Itamaraty, o peso político que tem pelo fato de ser filho do presidente pode ajudar nas relações com os EUA.
Eduardo participou da reunião reservada entre Bolsonaro e Trump na Casa Branca em março e foi elogiado pelo presidente americano.
Nas últimas semanas, a embaixada do Brasil contava com a nomeação de Nestor Forster para o posto que está vago desde o início de junho, quando Sérgio Amaral, então embaixador, voltou ao Brasil.
Forster retornou de férias nesta quinta-feira (11) para assumir o cargo de encarregado de negócios da embaixada. Ele chegou a interromper o descanso para encontrar pessoalmente com Bolsonaro em uma parada do presidente em Seattle, nos EUA, na volta da comitiva brasileira da cúpula do G20, no Japão.
O gesto aumentou ainda mais a expectativa por sua nomeação.
Forster havia sido promovido à primeira classe da carreira diplomática no mês passado, o que foi visto entre integrantes do governo como a última medida burocrática antes de sua indicação a embaixador do Brasil nos EUA.
Mesmo assim, as relações pessoais e a imprevisibilidade de Bolsonaro eram destacadas com cautela ao longo do período por integrantes do Itamaraty.
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