Vaticano tira imunidade de arcebispo da França acusado de agressão sexual

Posto diplomático que exercia dispensava religioso de depoimentos à Justiça

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Paris e São Paulo | AFP

O Vaticano retirou a imunidade diplomática do núncio apostólico na França, o arcebispo Luigi Ventura, que foi investigado por supostas "agressões sexuais", segundo um porta-voz do ministério das Relações Exteriores da França nesta segunda-feira (8). 

O posto de núncio apostólico corresponde ao de um representante diplomático da Santa Sé e tem os mesmos privilégios e imunidades de um embaixador. Ventura tem o cargo na França desde 2009. 

"O Ministério da Europa e das Relações Exteriores, que transmitiu à Santa Sé um pedido para retirar a imunidade do núncio apostólico na França, formulado pelo promotor de Paris, recebeu a confirmação da Santa Sé de que ele renunciou à imunidade neste caso", afirmou o porta-voz.

Luigi Ventura, 74, é acusado por quatro homens de agressão sexual. Três afirmam que o arcebispo apalpou suas nádegas.

Imagem do arcebispo Luigi Ventura, então representante diplomático da Santa Sé na França, durante missa em Lourdes (sul da França), em 2010
Arcebispo Luigi Ventura, representante diplomático da Santa Sé na França, durante missa em Lourdes, sul da França, em 2010 - Remy Gabalda/ AFP

Ventura prestou depoimento em abril à polícia francesa, segundo uma fonte judicial. 

A primeira denúncia foi apresentada em fevereiro, depois que um homem de 30 anos afirmou que o religioso apalpou suas nádegas durante uma cerimônia na prefeitura de Paris em 17 de janeiro.

Pouco depois, outros dois homens denunciaram fatos semelhantes que teriam acontecido em 2018. Um quarto homem apresentou uma queixa contra Ventura logo depois.

Antes de atuar na França, ele foi padre nas embaixadas da Santa Sé em Brasil, Bolívia e Reino Unido. Também foi nomeado secretário de Estado em Roma.

Os embaixadores do Vaticano têm imunidade diplomática e não podem ser forçados a depor à Justiça.

A decisão da Santa Sé é histórica para um núncio em atividade. Em junho de 2018, um conselheiro do núncio nos Estados Unidos foi condenado a cinco anos de prisão por posse e transmissão de material de pornográfico infantil pela Justiça do Vaticano.

Na ocasião, o Vaticano não respondeu à exigência de Washington de tirar sua imunidade diplomática.

Em 2013, o Vaticano também chamou, com urgência, da República Dominicana, Josef Wesolowski, núncio polonês acusado de pedofilia, recusando-se a extraditá-lo para a Polônia.

Wesolowski morreu na véspera de seu julgamento ao tribunal da Santa Sé.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.