Alemanha julgará ex-guarda nazista de 92 anos por crimes em campo de concentração

Bruno D. é acusado de ter ajudado a matar 5.230 pessoas em Stutthof, na atual Polônia

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Berlim | Reuters

Um alemão de 92 anos vai a julgamento em outubro acusado de ajudar a matar 5.230 prisioneiros, muitos deles judeus, em um campo de concentração nazista na Segunda Guerra Mundial, disseram promotores alemães nesta quinta (8).

No que será um dos últimos casos contra crimes da era do Holocausto, Bruno D. é acusado de ter sido guarda da polícia nazista no campo de concentração de Stutthof, perto de Gdansk, na atual Polônia, e de estar envolvido em assassinatos entre agosto de 1944 e abril de 1945.

O suspeito fez uma confissão parcial, disse uma porta-voz dos promotores de Hamburgo, mas não deu mais detalhes. Sob as regras alemãs para casos judiciais, o nome completo do acusado não pode ser divulgado.

Foto de maio de 1944 mostra judeus desembarcando de um trem no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau
Foto de maio de 1944 mostra judeus desembarcando de um trem no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau - Yad Vashem Archives/AFP

O jornal Die Welt informou que o acusado reconheceu sua presença no campo e disse saber que as pessoas eram levadas para as câmaras de gás; também afirmou ter visto corpos serem queimados no crematório. No entanto, argumentou que isso não se traduzia em culpa.

"Que uso teria sido se eu tivesse ido embora? Eles teriam encontrado outra pessoa", disse ao jornal.

Cerca de 65 mil pessoas, incluindo muitos judeus, foram assassinadas ou morreram em Stutthof. Os promotores argumentam que muitos foram baleados na parte de trás da cabeça ou mortos por intoxicação com o gás Zyklon B.

"Os promotores o acusam, como uma engrenagem na máquina de assassinato que estava ciente das circunstâncias, de ter sido capaz de contribuir para cumprir as ordens de matar", afirmou a acusação em abril, quando as queixas foram prestadas formalmente.

Como Bruno D. tinha apenas 17 ou 18 anos de idade no momento dos crimes, ele será julgado em um tribunal de jovens que tem diretrizes diferentes de condenação. No entanto, se for considerado culpado, ainda pode cumprir pena na prisão.

Sua saúde frágil significa que as sessões do tribunal serão limitadas a no máximo três horas por dia e, até agora, as audiências foram agendadas até dezembro.

Embora o número de suspeitos esteja diminuindo devido à idade avançada, os promotores ainda tentam levar os indivíduos à justiça. 

Em 2015, um ex-guarda de Auschwitz de 93 anos, Oskar Grönin, foi a tribunal acusado de coparticipação na morte de 300 mil pessoas. Ele se descreveu como "o contador de Auschwitz", responsável por contabilizar o dinheiro confiscado dos judeus que desembarcavam no campo.

Ele, porém, negou ter participado diretamente do genocídio. Grönin foi condenado, mas morreu antes de cumprir a pena.

Em 2016, três homens e uma mulher de mais de 90 anos foram julgados por, segundo a promotoria, ajudar no funcionamento de Auschwitz, o que seria motivo suficiente para condenação, embora não trabalhassem diretamente nas câmaras de gás.

 
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