Brasil e EUA ressuscitam fórum estratégico para aprofundar relação

Segundo Itamaraty, iniciativa reflete fim do preconceito ideológico entre os dois países

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Brasília

Após sete anos parado, um fórum bilateral entre Brasil e EUA será retomado no mês que vem com ambições maiores, para refletir a parceria crescente entre os dois países.

A mudança de patamar, segundo o Itamaraty, começa da nomenclatura adotada. O antigo Diálogo de Parceria Global, estabelecido em 2010 e que funcionou durante dois anos, será agora chamado de Diálogo de Parceria Estratégica.

O lançamento desse mecanismo diplomático deve ocorrer em Washington (EUA), a princípio em 13 de setembro, em reunião com as presenças do chanceler Ernesto Araújo e do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo. A negociação para a criação do Diálogo foi antecipada pelo jornal “O Globo”.

Os presidentes de EUA, Donald Trump, e Brasil, Jair Bolsonaro, encontram-se em Osaka, no Japão, durante reunião do G20
Os presidentes de EUA, Donald Trump, e Brasil, Jair Bolsonaro, encontram-se em Osaka, no Japão, durante reunião do G20 - Kevin Lamarque - 28.jun.19/Reuters

“O elemento ‘estratégico’ no nome tem o objetivo de esclarecer sua finalidade, qual seja, a de elevar o nível de diálogo entre os chanceleres”, afirmou em nota à Folha o Ministério das Relações Exteriores. 

“Com a convergência de visões e a boa química entre os presidentes [Jair Bolsonaro e Donald Trump], deixamos para trás os preconceitos ideológicos que impediam realizar o potencial dessa relação, liberando energia para concentrar no que interessa, ou seja, resultados concretos, que contribuam para competitividade brasileira”, afirma o ministério.

Na prática, o Diálogo será uma instância “guarda-chuva” que discutirá e acompanhará todas as iniciativas da relação bilateral. A ideia é dar mais peso político a medidas que normalmente costumam ser tocadas pelas áreas técnicas dos governos e apresentar uma sinalização forte da proximidade entre os países.

Os temas a serem debatidos são amplos e incluem medidas de facilitação de negócios e o começo de uma discussão sobre a criação de uma zona de livre comércio entre os dois países.

Também devem entrar na pauta a situação política no continente, especialmente Venezuela e eleição argentina.

Outros assuntos são a nova condição do Brasil de aliado extra-Otan e o que isso pode se traduzir em termos de comércio de equipamentos militares, além do pleito brasileiro de passar a integrar a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que tem apoio do governo Trump.

Oficialmente, diz o Itamaraty, a discussão deve girar em torno de três eixos: apoio à governança democrática, promoção da prosperidade econômica e fortalecimento da cooperação em segurança e defesa.

“Os chanceleres também deverão trocar impressões sobre desafios regionais, bem como a respeito dos principais temas da agenda internacional”, afirma o Itamaraty.

O antigo Diálogo de Parceria Global teve quatro reuniões entre março de 2010 e outubro de 2012, durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff no Brasil e de Barack Obama nos EUA.

Na época, foram debatidos temas como segurança alimentar, apoio humanitário à África e a situação do Haiti.

Curiosamente, segurança cibernética também entrou em pauta, e foi esse tema que acabou esfriando o fórum. Com as revelações de que a NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA) espionou Dilma, em 2013, a relação bilateral entrou em crise, o que acabou matando a iniciativa.

Com Bolsonaro e Trump no comando dos países, a aliança voltou a se fortalecer.

Ainda no mês de setembro, o presidente brasileiro deve viajar aos EUA para participar da abertura da Assembleia Geral da ONU e espera que até lá a nomeação de seu filho Eduardo como embaixador em Washington tenha sido aprovada pelo Senado.

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